No mundo do RPG, Vecna e o Devorador de Mentes podem ser figuras completamente diferentes, mas, em Stranger Things, os Irmãos Duffer não apenas os juntaram em uma curiosa simbiose, como também deram aos dois um novo visual e função. Com a chegada da segunda parte da quarta temporada, algumas respostas surgiram sobre a origem do Mundo Invertido e junto, mais perguntas.
Porém, entre dúvidas e certezas, o que não pode ser deixado de lado é que Vecna é Henry Creel. O personagem, também conhecido como o One, foi banido por Eleven para o Mundo Invertido. Perdido e com sede de vingança, seu encontro com uma força sombria o coloca no objetivo de devastar o mundo.
E essa sendo apenas uma ponta do iceberg criado pelos Irmãos Duffer. Nessa temporada de Stranger Things, descobrimos mais sobre o passado de Eleven, a extensão dos poderes da garota e boa parte dos objetivos do Papa e sua organização.
De certa forma, o enredo segue os moldes de Neon Genesis Evangelion. Ao invés de Gendo Ikari apontar a direção certa para Shinji fazer o que ele quer, temos Papa manipulando Eleven, não apenas para encontrar o One, como também para explorar o Mundo Invertido. Deixando as alegorias de lado, para compreender a história de Henry, o Vecna, e o Devorador de Mentes, é preciso inverter a ordem dos acontecimentos.
Começando, então, pelo final da temporada quatro de Stranger Things. Nos momentos finais, descobrimos que a quase morte de Max foi capaz de dar força o suficiente para que Vecna abrisse mais um portal.
Isso rompe completamente a brecha entre os dois mundos, permitindo que a energia escura se alastre por Hawkins. O desejo de Vecna vai além de controlar tudo, mas tenta preencher o desejo por sangue e pelo fim da humanidade. Enquanto isso, a força oculta que é do Devorador de Mentes não segue o mesmo intuito de Vecna, pelo contrário, ela foi moldada para seguir esse caminho.
O segundo ponto dessa linha temporal é Henry mostrar “as suas verdadeiras cores” para Eleven e, então, ser banido pela garota. Perdido no Mundo Invertido, Henry diz que vagou sem rumo por um lugar sombrio e desconhecido.
Vale destacar que o One era e, talvez ainda seja, um dos experimentos mais poderosos de Papa. Logo, derrotar um Demogorgon, ou qualquer outra estranha criatura que cruzasse o seu caminho, não seria um problema.
Após alguns dias, explorando e usando todo o potencial de seus poderes, Henry encontra uma força desconhecida. Como uma fumaça, essa entidade não possui um objetivo claro, mas o rapaz, com seus poderes, entende que ela possui uma consciência.
É então que acontece uma relação similar a de um tubarão com uma rêmora. Nela, a rêmora prende-se ao corpo do tubarão e alimenta-se dos restos de comida deste. Aqui, Vecna molda essa espessa fumaça ao seu bel-prazer e toma para si a extensão dos poderes que o Devorador de Mentes tem sob o Mundo Invertido. De certa forma, Henry alinha um único propósito com a entidade e, então, passa a usar o monstro para se alimentar de “presas” menores.
O que deixa evidente que mesmo o quão poderoso o Devorador seja, Vecna é quem está no comando, é a forma final do monstro. Em flashbacks, Henry já mostrava uma predisposição a sentir algo além da sua realidade. Sem compreender de fato o que estava acontecendo, o garoto se conecta mentalmente com o que há ao seu redor.
Aos poucos, ele encontra o pior da humanidade e percebe estar completamente sozinho. A não ser pelas aranhas. Henry possui um fascínio por aracnídeos, até mesmo criando um ninho com viúvas negras. O hiperfoco, a família complicada, sua solidão e seus poderes acarretaram numa situação desconfortável que o fez procurar ajuda de outras formas.
Anos depois, após a morte de seus pais e preso no Mundo Invertido, Henry descobre um caminho para tornar o seu sonho real. O encontro de Henry com o Devorador não é a entidade mostrando sua verdadeira forma, mas sim o rapaz se unindo, porém também controlando o ser. A maior criação de Henry se torna a aranha gigantesca que é o Devorador de Mentes. A grande pergunta é: Quem é o tubarão e quem é a rêmora nessa história?
O que parece complicado nessa relação é o porquê do Vecna ter enviado outros seres para assombrar Hawkins. O que pode explicar isso é como o Devorador de Mentes não foi capaz de dar todo o poder necessário para que Vecna conseguisse retornar a sua realidade de origem.
Aparentemente, apenas Eleven era capaz de abrir portais para o Mundo Invertido e viajar oniricamente pelas dimensões. Suas viagens ao Mundo Invertido tornaram a separação entre as realidades tênues, permitindo que o Demogorgon atravessasse.
Uma vez do outro lado, a parcela que aquele ser representou da totalidade que é Devorador de Mentes, foi capaz de fazer com que outras tentativas de invasão fossem feitas. Mas, Vecna ainda não podia avançar, não completamente.
Ele tenta possuir Will, depois o Billy e, quando parecia que nada mais daria certo, Eleven é mordida por um dos monstros do Mundo Invertido. Aparentemente, esse foi a causa da perda dos poderes da garota, mas também o que aflorou uma nova habilidade em Vecna.
Como foi dito na quarta temporada, Henry não apenas matava suas vítimas, ele entrava em contato com todas as suas lembranças e habilidades. Eleven pode não ter morrido, mas seus poderes, a garota que ela era morreu. E isso foi o suficiente para Vecna encontrar uma forma de entrar na mente de suas vítimas ainda estando no Mundo Invertido.
Munido da habilidade de viajar entre dimensões, Vecna coloca um novo plano em prática. Abrir portais até que o véu se rasgue completamente. O que pode se tornar o ponto chave da temporada final de Stranger Things é que todas as ações, tanto do Vecna quanto da Eleven, tiveram consequências.
Significando que o contato de Eleven com o Mundo Invertido criou a possibilidade para que Vecna invadisse Hawkins, mas também que a possessão de Will o ligou ao Devorador de Mentes e ao Vecna. Essa relação pode ser solução para vencer o monstro em seu próprio jogo.
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