Em três anos, a malha cicloviária das capitais do país mais que dobrou de tamanho. São 3.009 km de vias destinadas às bicicletas hoje. Em 2014, eram 1.414 km. É o que mostra levantamento feito pelo G1 junto às prefeituras das 26 cidades e ao governo do Distrito Federal.
Agora, as ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas correspondem a 2,8% da malha viária total dos municípios (108.720 km).
Para o professor Valter Caldana, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o avanço tem sido positivo porque as cidades brasileiras estão muito atrasadas nesta questão. Por outro lado, a implantação das ciclovias de maneira açodada faz o número de falhas pontuais aumentar, diz.
"No Brasil, adotamos um modelo de desenvolvimento urbano rodoviarista. As nossas cidades foram se desenvolvendo baseadas nesse modelo, que é o do automóvel. Cidades em todo o mundo adotaram medidas para abandonar esse modelo durante 40 anos, mas nós, não. Ficamos estacionados. Agora, nos últimos 5, 10 anos, e em especial após as manifestações de 2013, fomos obrigados a fazer o que essas outras cidades fizeram em 40 anos, só que tudo de uma vez", afirma Caldana.
Ricardo Correa, sócio-fundador da TC Urbes, empresa especializada em projetos de mobilidade, tem opinião parecida. Para ele, o aumento da malha não tem sido feito de forma inteligente. "No Brasil, não há uma sistemática de planejamento cicloviário. Poucas cidades do país têm uma política definida. Já se começou a enxergar a bicicleta como veículo, mas sem promover o impacto social e ambiental possível. Há um potencial de se chegar a mais de 20% dos deslocamentos em vários municípios onde a questão social é latente", afirma.
Segundo ele, um bom planejamento cicloviário transforma a cidade radicalmente. "Um plano de gestão sério proporciona uma economia sistêmica para a cidade, com benefícios sociais, ambientais e na saúde, tanto individuais como coletivos. " Correa cita um relatório da Federação Europeia de Ciclistas que mostra que o setor cicloviário gera uma economia de 513 bilhões de euros por ano aos 28 estados-membros da União Europeia.
De acordo com o levantamento do G1, São Paulo é a cidade que possui a maior malha cicloviária do país: 498,4 km (isso sem contar os 120 km de ciclofaixas de lazer, montadas apenas aos domingos e feriados). O Rio aparece na segunda posição (441,1 km). A capital federal Brasília está na terceira colocação (420,1 km). Fortaleza, com 204,6 km, e Curitiba, com 204,2 km, completam a lista das cinco mais. Macapá é a cidade com a menor malha (11,9 km).