O governo federal planeja reduzir de 20% para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados, como salsichas e biscoitos, nas merendas das escolas públicas, buscando chegar a 10% até 2026.
Essa medida protocolada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última segunda-feira (3), durante o encontro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que aconteceu em Brasília.
De acordo com o governo, essa medida deve beneficiar 40 milhões de alunos da rede pública em cerca de 150 mil escolas, que distribuem R$ 10 bilhões em refeições todos os anos. "O objetivo é oferecer uma alimentação mais saudável aos estudantes, com cardápios mais equilibrados", afirmou o presidente.
A partir dessa iniciativa, o governo também busca regulamentar a aquisição de alimentos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) por meio da agricultura familiar, dando prioridade a assentamentos de reforma agrária, comunidades indígenas e quilombolas, além de grupos formais e informais de mulheres.
Segundo o Executivo federal, atualmente, pelo menos 30% dos recursos do Pnae devem ser obrigatoriamente destinados à compra de itens da agricultura familiar.
Durante a reunião, também foi lançado o Projeto Alimentação Nota 10, que visa capacitar merendeiras e nutricionistas do do Pnae em segurança alimentar e nutricional.
O montante investido será de R$ 4,7 milhões, em parceria com instituições como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Itaipu Binacional e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais.
De acordo com o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos e o Guia Alimentar para a População Brasileira, crianças não devem consumir alimentos ultraprocessados e adultos precisam evitar, visto que estão associados a doenças como obesidade, diabete tipo 2, hipertensão, doença cardiovascular e alguns tipos de câncer.
MAIS JOVENS
Na avaliação do epidemiologista Carlos Augusto Monteiro, criador do termo "ultraprocessados" e coordenador do Nupens, a análise por faixa etária mostrou que pessoas mais jovens consomem mais ultraprocessados, em especial adolescentes.
"Isso mostra que os hábitos e as preferências são formados desde a infância", afirmou Monteiro ao Estadão.
O médico aponta que os ultraprocessados são uns dos principais causadors do aumento dos níveis de obesidade, doença que se tornou uma epidemia no Brasil e no mundo.
Para Monteiro, para mudar esse quadro, basta incluir uma alimentação mais saudável e tradicional. "É uma alimentação muito parecida com a que os nossos avós consumiam. Basicamente, uma parte da comida que consumimos deve passar pela cozinha. Hoje, grande parte vem das fábricas. Isso não é natural."
Com informações de Estadão Conteúdo