O fim do ano chega e, com ele, a inevitável reflexão sobre a vida. Fazemos balanços dos projetos que avançaram, dos que ficaram pelo caminho, do quanto amadurecemos ou evoluímos. Surge uma pressão quase automática para que tudo tenha melhorado, acompanhada dos inúmeros planos para o próximo ano.
Não é por acaso que, nessa época, cresce a procura pelos serviços de psicologia. Muitas pessoas enfrentam frustrações, medos e inseguranças. Algumas se desesperam ao perceber que não atingiram suas metas, tentando correr atrás do prejuízo nos últimos instantes. Outras desanimam por completo, convencidas de que, se não deu certo em um ano inteiro, não vale mais a pena tentar.
O clima de celebração e reconciliação pode ser ainda mais angustiante para quem não encontra motivos para comemorar. A busca por esses motivos aumenta a ansiedade, gerando um desconforto generalizado.
De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017, o Brasil lidera o ranking global de transtornos de ansiedade, com 26,8% da população diagnosticada com esse problema. O fechamento de um ciclo e as incertezas do futuro intensificam essa realidade, alimentando expectativas e pressões sociais por mudanças.
Esse ciclo se repete ano após ano. E continuará assim, a menos que mudemos a forma de enxergar o tempo. O "ano novo" é, na verdade, apenas o dia seguinte. Planejamentos precisam ser revisitados e ajustados ao longo do ano, sem depender de datas específicas do calendário como gatilho para mudanças de vida.
Faz-se necessário incorporar à rotina o hábito de identificar as próprias emoções, avaliar planos, entender desejos e reconhecer a realidade. É essencial saber o que é possível alcançar e traçar metas de curto, médio e longo prazo.
Quando esse processo ocorre de forma contínua, a vida se torna mais leve. Assim, é possível aproveitar os momentos, estar próximo das pessoas que amamos e cuidar da saúde física e mental.
Nem sempre, alcançar essa forma de ver a vida e se colocar no tempo é algo fácil, por ir contra uma cultura que já temos estabelecida da virada do ano e da busca desenfreada por uma mudança abrupta, decorrente muitas vezes de um processo ansioso. Então, se você se vê nessa dificuldade e busca uma mudança de padrão, inicie um processo de psicoterapia para lhe auxiliar a refletir sobre essas questões, direcionando melhor suas escolhas baseadas nos seus desejos e possibilidades.
E o próximo ano? É apenas mais um dia e, depois, outro e assim por diante.
Gleine Lima Psicóloga Clínica, Especialista em Saúde Mental, Psicologia Clínica e Psicanálise com Bebês, Membro da Intersecção Psicanalítica do Brasil e Membro da Casa Freud-Lacan