Com as pressões do dia a dia, empresas enfrentam o desafio constante de equilibrar produtividade e bem-estar. Lorena Pedrozo Cavalcante, Administradora e Especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade de Pernambuco (UPE), compartilhou em entrevista algumas práticas essenciais para criar um ambiente de trabalho acolhedor e saudável, abordando desde a comunicação até a adaptação de líderes às necessidades dos colaboradores.
Para Lorena, um dos primeiros passos para um ambiente de trabalho acolhedor é a comunicação aberta entre colaboradores e gestão. "Os colaboradores precisam se sentir à vontade com suas lideranças", afirma Lorena.
Segundo ela, a possibilidade de comunicar livremente problemas que possam surgir – especialmente quando se trata de dificuldades com a própria liderança – é fundamental para um ambiente de trabalho positivo. "A empresa precisa fornecer esse tipo de acolhimento ao colaborador, para que ele se sinta à vontade com outras pessoas”, explica.
Além disso, o papel de iniciativas de apoio psicológico. Muitas empresas já oferecem apoio, mas Lorena acredita que essa prática deve ser contínua e inclusiva. O respeito à diversidade – abrangendo gênero, deficiência e saúde mental – contribui diretamente para um ambiente acolhedor.
Outro ponto fundamental é a valorização dos esforços dos colaboradores. "A gente sempre tem que falar para ele, da mesma forma que quando algo não está certo damos um feedback", comenta Lorena.
O reconhecimento pelos resultados alcançados é essencial para manter o engajamento e a motivação. "Os colaboradores passam mais tempo no trabalho do que com a própria família, enfrentando trânsito e outras dificuldades. Se ele não tiver um ambiente acolhedor, com reconhecimento, ele acaba se desmotivando", acrescenta.
Lorena enfatiza a importância de gestores bem preparados e empáticos, que reconheçam os limites e as necessidades de cada colaborador. "Esse gestor, ele estando preparado, consegue fazer com que o clima do setor seja cada vez melhor”, comenta.
Ela observa que líderes devem manter um olhar personalizado sobre seus colaboradores, compreendendo que cada um tem desafios e habilidades únicas. "Cada colaborador deve ser olhado com a atenção que ele precisa. Nem todo mundo tem a mesma dificuldade, nem todo mundo tem o mesmo ponto positivo", explica.
Além disso, Lorena reforça que um líder precisa garantir que os colaboradores recebam feedbacks constantes e realistas sobre seu desempenho. Segundo ela, metas devem ser alcançáveis, evitando desmotivação: "As metas impostas para aquela equipe precisam ser realistas. Não adianta exigir que aquele colaborador cumpra determinada atividade se a própria empresa não oferece ferramentas para ele fazer o trabalho dele".
Lorena destaca que a principal barreira para implementar uma cultura de bem-estar nas empresas é a mudança de mentalidade, especialmente entre líderes antigos. “Muitos líderes estão na empresa há 15, 20 anos, e o funcionamento sempre foi de uma forma. Então, quando vem uma mudança, existe muita resistência”, afirma.
A conscientização contínua e a promoção de ações que reforcem a saúde mental são passos fundamentais para superar essa resistência e criar uma cultura que valorize o bem-estar do colaborador.
Ela também ressalta a importância de momentos de pausa ao longo da jornada. “Poderia ter um intervalo de 10, 15 minutos para o colaborador tomar um café, lavar o rosto e ir para fora da empresa dar uma respirada. Isso ajuda muito o colaborador a deixar as atividades com menos peso”, sugere.
Práticas como comunicação aberta, apoio psicológico, valorização dos colaboradores e pausas regulares são essenciais para manter o equilíbrio e a saúde no ambiente corporativo. Para ela, a chave está em preparar líderes que entendam e respeitem a individualidade de cada colaborador.
"O líder tem um papel essencial nessa promoção de ambiente de trabalho saudável e equilibrado, porque é ele que tá ali no dia a dia com o colaborador", conclui.