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Eleição da OAB-PE: a audácia da alegria

Transfiro à comunicação escrita o sentimento de quem acredita em uma sociedade ética, imune a preconceitos e ódios, onde todos sejam iguais

Publicada em 19/11/2024 às 08:58h - 71 visualizações

por Gustavo Henrique de Brito Alves Freire


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Ingrid Zanella foi eleita presidente da OAB-PE - DIVULGAÇÃO  (Foto: )

Cometo nesta quadra – com as vênias do leitor – o atrevimento de falar sob a influência da emoção da hora do conhecimento do resultado sonhado, com o rosto banhado por lágrimas ora aparentes, lágrimas da face, ora invisíveis, lágrimas da alma. Já se me perdoe o tom da prosa. A felicidade de cruzar a linha de chegada e de
vencer a corrida remete no pensamento a um turbilhão de lembranças. Natural que seja o coração a falar, mais que a razão.

Transfiro à comunicação escrita o sentimento de quem acredita em uma sociedade ética, imune a preconceitos e ódios, onde todos sejam iguais não apenas na teoria, mas na prática, e onde a verdade seja sempre como o maior dos desinfetantes, a luz do Sol.

Lanço ao papel a exultação que mistura os olhares do parceiro de trabalho institucional, do espectador e do partícipe de uma eleição inesquecível, no aniversário de 94 anos de fundação da OAB, e como eleito para o sétimo mandato no Conselho da Seccional de Pernambuco, quando saúdo a primeira mulher escolhida sua Presidente, Ingrid Zanella.

Em oportunidade anterior, neste mesmo espaço, falei dos porquês da escolha pelo projeto encabeçado por Ingrid para a condução dos rumos da OAB/PE no triênio de 2025/2027. Agora, vendo-a eleita de modo consagrador, identifico na escolha de Ingrid não só a marca da audácia. Vejo mais. Vejo a vitória do esforço de muitos, jovens e veteranos, movendo as hélices e turbinas da hidroelétrica dessa campanha de obstinação e esperança.

Em seus quase cem anos, a OAB evoluiu para romper o casulo da sua carta constitutiva, que remonta a um governo ditatorial, até tornar-se o que é hoje, borboleta vistosa, sentinela da cidadania, tribuna das minorias invisibilizadas, guardiã do Estado de Direito, voz crítica a denunciar os excessos de um poder público propenso a exorbitar. Não tinha sentido, ao menos para mim, que, com todo esse background, a OAB em Pernambuco – solo da batalha de Tejucupapo – não reconhecesse à mulher, à sua perseverança e às suas lutas o justo
protagonismo. O futuro enfim chegou.

Posso dizer, com absoluta e inarredável certeza, que Ingrid, amiga irmã, será uma Presidenta da OAB/PE para o conjunto da advocacia em sua dimensão máxima, sem divisões, sem palanques armados, sem radicalismos, olhando com visão de conjunto para a realidade, combatendo seus paradoxos, abrindo os braços, inclusive, para aquele colega que escolheu outro caminho. A OAB de Ingrid não tem lugar para o rancor.

Como pontuado certa vez por Maysa Furlan: “Olhar o universo feminino é descortinar lutas e desafios das mulheres pelo direito igualitário de exercerem o melhor de suas habilidades, sem amarras, sem pedir favores”. E conclui: “A igualdade de gênero constitui uma alavanca poderosa para o desenvolvimento de sociedades plurais, dinâmicas e justas. Assim, neste momento de desconstrução e obscurantismo, gostaria de destacar uma outra grande mulher e filósofa, Hannah Arendt, que estabeleceu um dos conceitos da filosofia sobre a banalidade do mal ou o conceito do mal radical. Uma de suas célebres frases nos remete ao presente: vivemos tempos sombrios onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança. Portanto, contribuir para mudar o presente e construir um futuro exige coragem e desafios. Mulheres e meninas são pontes seguras para as soluções desses desafios contemporâneos e devem ser ouvidas, valorizadas e celebradas pois são elos essenciais para um futuro sem barbárie e alimentado pelo avanço da humanidade”.

Presidenta: que a sua gestão à frente da OAB/PE seja o que é você: sorriso de rosto inteiro, que acolhe e protege. Que seja prenúncio de outras “Ingrides”. Que seja a construção de um horizonte sem retrocessos, um salto ambicioso para novos territórios a descobrir, por uma justiça mais humana e mais efetiva, onde
o jurisdicionado não mais signifique simples estatística.

Sigamos tecelões do bordado da história. O navio Ingrid zarpou e o mar é convidativo à navegação. E a Nair Andrade, de saudosa memória, pioneira que tanto nos inspira, respondo: sim, vai ter mulher na Ordem. Estoure daí do céu, Nair, o champanhe da comemoração por nós. Este artigo dedico também a você.

Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado




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