A escala de trabalho 6x1 (ou "seis por um") é uma configuração de jornada na qual o trabalhador trabalha durante seis dias seguidos e folga um dia.
Esse modelo é comum em diversas áreas que demandam operações contínuas, como varejo, produção industrial, transporte e saúde.
Entretanto, vem gerando grande debate nas redes sociais em defesas/críticas à discussão. Entenda, a seguir.
A escala de trabalho 6x1 é abordada na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a legislação que regula as relações de trabalho no Brasil.
Ela se refere a um regime onde o trabalhador trabalha durante seis dias consecutivos e descansa no sétimo, garantindo um dia de descanso semanal obrigatório, preferencialmente aos domingos, conforme o artigo 67 da CLT.
Críticos apontam que tal jornada de trabalho seria excessiva e seria um dos fatores a contribuir com registros crescentes de casos de burnout (termo que se refere a distúrbios com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico normalmente resultantes de situações de trabalho desgastante).
De autoria da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que quer o fim da escala de trabalho 6X1, conta com 71 assinaturas até o momento.
De acordo com as regras, uma PEC só pode entrar em discussão na casa legislativa com o aval de 1/3 dos parlamentares ou seja, 171 dos 513 no caso da Câmara dos Deputados e 27 dos 81 no caso do Senado Federal.
Segundo Hilton, a PEC teve ainda o endosso de 1,3 milhão de pessoas que assinaram petição pública em apoio ao projeto.
Ela pretende modificar o texto da CLT, abolindo o modelo de contratação com escala na qual o trabalhador tem apenas um descanso semanal para seis dias consecutivos de trabalho.
"Isso tira do trabalhador o direito de passar tempo com sua família, de cuidar de si, de se divertir, de procurar outro emprego ou até mesmo se qualificar para um emprego melhor. A escala 6x1 é uma prisão, e é incompatível com a dignidade do trabalhador", defende a deputada.
Em entrevista ao O Globo, a deputada disse que o objetivo inicial é reduzir a carga horária semanal de trabalho de 44 para 36 horas, mantendo o limite de 8 horas diárias e sem redução salarial, conforme o artigo 7º da Constituição.
A ideia é abrir espaço para discutir melhores condições de trabalho e a qualidade de vida dos trabalhadores, buscando apoio no Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que defende um equilíbrio entre vida e trabalho.
Hilton reconhece que a proposta deve enfrentar resistência, mas destaca a importância de manter o poder de compra e a estabilidade econômica dos trabalhadores para o benefício da economia em geral.
A proposta é amplamente apoiada pelos parlamentares do PSol, PT e PSB. Após a grande repercussão nas redes sociais, os deputados começaram a explicar seus motivos para serem a favor ou contra a PEC.
“Em meio ao volume de trabalho, ainda não tinha me debruçado sobre a PEC, mas agora está devidamente assinada. Podem contar comigo para cobrar e lutar por condições de trabalho mais justas e dignas para todo o povo brasileiro. Pelo fim da jornada 6×1”, afirmou Duarte Junior (PSB-MA).
“Eu já assinei e deixo registrado aqui meu apoio total ao projeto da Erika Hilton pelo fim da escala 6×1. A redução da jornada de trabalho é uma pauta mundial; países como Dinamarca e Alemanha já reduziram, e não há razão para ignorarmos a importância desse debate no Brasil”, destacou o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP).
Por outro lado, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) alerta que o fim da escala 6×1 poderia resultar em aumento de desemprego em diversas categorias.
“Para equilibrar o aumento de custos, algumas empresas podem optar por demissões, o que poderia elevar o índice de desemprego, especialmente em setores com margens de lucro menores”, argumenta Nikolas.