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Alertas e lições de um furacão

Passagem de tempestade histórica pela Flórida, nos Estados Unidos, deixa rastro de medo, destruição e mensagens para um planeta em transformação

Publicada em 11/10/2024 às 09:31h - 78 visualizações

por JC


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Mudanças climáticas - Thiago Lucas  (Foto: )

Para todo o mundo, a temporada de furacões que atinge o sul dos Estados Unidos anualmente traz, em 2024, importantes consequências e reflexões acerca da capacidade humana de prevenção e convivência com as mudanças climáticas. Ao incidir violentamente sobre o estado da Flórida, e causar a evacuação maciça de milhões de pessoas, deixando também milhões sem energia enquanto um ameaçador fenômeno climático acontecia, o furacão nomeado de Milton pode ter sido uma amostra do que a humanidade terá que enfrentar nos próximos anos, em um ambiente global já em clara mutação. Mas é em cada localidade, nos países, nas cidades, que a população e os governos precisam se preparar para lidar com a força do clima.
Para o Brasil, em especial, os alertas e lições da devastação da água e dos ventos nos EUA recordam que o planejamento é fundamental para evitar estragos descomunais. Se em nosso país a repetição de chuvas torrenciais, periodicamente, mostra o quanto o despreparo é evidente, os efeitos do furacão Milton, que deixou mais de 12 milhões de habitantes em sobressalto, esvaziando cidades em tempo recorde – e assim evitando prejuízos e a perda de vidas – podem servir de exemplo para a necessidade de se levar a sério as previsões meteorológicas e os efeitos da ação humana sobre a natureza. O negacionismo ambiental, ainda vigente como frívola bandeira política, não faz sentido diante da dimensão do que está em curso.
Ruas vazias retratam uma realidade de risco, na qual as mensagens oficiais chegam de alguma forma aos cidadãos, que por sua vez compreendem o que está havendo e atendem aos chamados de evacuação ou reclusão. De outra parte, o desespero inevitável provoca o comportamento coletivo, deixando as prateleiras dos supermercados tão vazias quanto as ruas. O desabastecimento demonstra o tamanho do pânico, mas também das condições extraordinárias da organização da vida em tempos de grande instabilidade. Que pode ser transitória, breve como o caminho de um furacão decaído em tempestade, ou não tão breve, como as inundações que se abateram sobre o Rio Grande do Sul, no início do ano.
Nem o costume dos habitantes e do governo da Flórida foi capaz de impedir o tormento do pior furacão em um século. Mesmo assim, é importante olharmos para as medidas preventivas que foram adotadas, e para o êxito da evacuação realizada. No Brasil, em diversos momentos e lugares, nem os governos agem a tempo, nem as populações que moram em áreas de risco são sensibilizadas para sair de onde estão, muitas vezes por falta de opção para onde ir. Quando passa um furacão como o Milton, uma parte nobre do país mais rico do mundo se tornou, inteira, uma área de risco. E não havia outra escolha a não ser sair correndo de lá.

Com intensificação mais rápida do que o usual, rastros de destruição e lições que ainda devem ser melhor compreendidas, o furacão na Flórida deve ser visto como uma mensagem para a humanidade – e em todos os cantos do planeta, a resiliência climática vai se apresentando como uma questão prioritária.

 




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