A primeira paixão do pernambucano Pedro Wagner foi o cinema, no entanto, foi o teatro que o conquistou. Foi ao ver a peça "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, aos 13 anos, que Pedro viu que seu rumo poderia mudar. O ator, diretor e produtor pernambucano viveu recentemente o seu primeiro protagonista no audiovisual, em "O Jogo que Mudou a História", série original Globoplay. Mas, antes disso, houve um caminho até chegar lá.
Nascido em Garanhuns e criado no Recife, local onde construiu sua trajetória no teatro e no audiovisual, Pedro contou que aos 15 anos voltou a morar em Garanhuns, onde nasceu, para realizar o ensino médio, foi lá que começou a sua atuação do teatro.
"Minha família sempre me acompanhou artisticamente. Desde mãe, pai, irmãos, até tias, primos e primas. Então, eu cresci em um ambiente muito musical. Meu pai, meu avô e minha tia tocam violão, fazendo com que sempre houvesse muita música boa ao meu redor. Djavan, Alceu, Fagner, Elba, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Belchior... Toda essa geração foi muito estimulante pra mim. Acredito que sempre fui uma pessoa do campo do sensível, dos 'assuntos cintilantes' e eles, meus pais, nunca ofereceram barreiras sobre minhas inclinações", afirma Pedro em entrevista ao JC.
Com um elenco numeroso, a série "O Jogo Que Mudou a História" se passa na década de 1970 e retrata sem filtros a realidade de brasileiros comuns, que naquele período viram o crime organizado se tornar parte das rotinas de suas comunidades com o surgimento das facções criminosas no Rio de Janeiro. O diferencial no roteiro, no entanto, é o fato de contar a história sob a ótica de quem, geralmente, é silenciado nessas narrativas: os moradores de comunidade que são impactados diariamente por esta realidade.
Pedro explica que o convite para participar foi uma emoção. "O José Junior, idealizador da série, me ligou e falou: 'Pedro, eu quero você para ser um dos protagonistas da minha nova série.' Eu fiquei perplexo", afirmou. "O José e eu já estávamos num interesse mútuo. Quase fiz a segunda temporada de "Arcanjo Renegado" (série que amo), mas não aconteceu porque as datas se chocavam com "Cangaço Novo". Fiquei triste, mas ao mesmo tempo só consegui fazer o Amarildo porque não fiz o Arcanjo, então as coisas se encaixaram da melhor forma. Nem sempre é assim, então pra mim foi quase um milagre. Depois que eu li o roteiro eu fiquei temeroso, pois era algo muito grande, algo que eu nunca tinha feito antes. Em densidade, em tempo de tela. Mas logo em seguida veio a "coragem da vontade", completa.
Com uma sólida carreira como ator de teatro antes de adquirir esse papel, Pedro Wagner aponta a importância de ter começado no audiovisual com papéis menores: “isso me ajudou muito a entender as especificidades da linguagem, já que eu tinha formação, cursos e toda uma trajetória como ator de teatro. Foi um começo duro, mas que me ajudou na formação no cinema, no entendimento da linguagem, o que vejo com grande importância”, explica.
Neste momento, Pedro está 100% focado no teatro. "Minha casa. O Magiluth, grupo que sou integrante, estrea no Sesc Pompéia, em São Paulo, a peça "Édipo Rec". Com direção de Luiz Fernando Marques e Nash Laila como atriz convidada. Será um grande acontecimento esse trabalho. É o espetáculo de comemoração dos 20 anos do Grupo Magiluth. Sinto como se tudo o que criamos no grupo até aqui está mais verticalizado nesse novo trabalho. Ficaremos em temporada durante todo mês de outubro por lá e em novembro estrearemos em Recife", afirma o pernambucano. O espetáculo Édipo Rec em São Paulo está no ar até o dia 26 de outubro.
Para o próximo ano, o ator está com alguns projetos encaminhados. Ele interpretará o protagonista ao lado de Leandro Hassum no filme "O Rei da Feira"; estreia nos cinemas o filme de Renata Pinheiro, uma cineasta recifense "Lispectorante", onde ele faz par romântico com Marcélia Cartaxo, a Macabéa, em um romance que se passa pelo universo da Clarice Lispector. O filme estreia em 2025, mas nesta quinta-feira (10), será transmitido no Festival do Rio.
Além disso, ele participa de outra produção da Globoplay, chamada Guerreiros do Sol, série que se passa no nordeste nos anos 30 e tem o cangaço como seu norte principal.