O candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, foi alvo ontem de críticas de seus próprios apoiadores nas redes sociais por explorar, logo no início do segundo turno, o boletim de ocorrência registrado pela esposa de Ricardo Nunes (MDB) em 2011 por suposta prática de violência doméstica e ameaça, e por tentar vincular o prefeito ao crime organizado.
O vídeo, publicado no Instagram do candidato do PSOL mostra eleitores reagindo a explicações do prefeito sobre o caso. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) mandou Boulos excluir o vídeo.
Nos comentários, muitos seguidores demonstraram descontentamento com a estratégia. "Galera, esse assunto já deu. Temos que focar na corrupção dele, nos contratos sem licitação", sugeriu uma apoiadora, em um comentário que já somava quase 800 curtidas. Outro seguidor sugeriu focar apenas nas propostas: "A sociedade está farta disso", criticou, provavelmente se referindo à estratégia de ataques que deu a tônica do primeiro turno.
No material, Boulos diz que Nunes tem "que responder por boletim de ocorrência de violência contra a mulher", afirmando mais adiante tratar-se de "agressão contra a mulher, violência física". O boletim de ocorrência registrado pela esposa de Nunes não menciona agressão física.
Ao determinar a suspensão da publicação, a juíza eleitoral Claudia Barrichello cita que Pablo Marçal (candidato derrotado do PRTB) fez "alegações semelhantes".
"A vinculação do autor com o crime organizado e a afirmação de que ele praticou violência física contra a mulher já foram enfrentadas pelo Poder Judiciário Eleitoral nestas eleições de 2024, existindo várias condenações do candidato Pablo Marçal por ter feito alegações semelhantes em face do requerente. Assim, tampouco é possível admitir-se que essas acusações sejam feitas pelo candidato Guilherme Boulos."
Ao longo da campanha, Nunes apelou a adversários que não abordassem temas da esfera familiar. Um aliado do prefeito disse que Nunes acreditou por um tempo que sua família seria poupada pelos concorrentes - o que não se confirmou na reta final do primeiro turno.