Neste período do ano, é comum termos greve de ônibus no Grande Recife, devido à fase de negociação salarial dos motoristas com os empregadores. Na manhã desta segunda-feira (5), aconteceu a assembleia volantes, realizada em frente à garagem da Borborema, na Zona Sul do Recife, que impediu a saída dos veículos nas primeiras horas do dia.
Essa movimentação do sindicato começou na quinta-feira (1), nos estacionamentos do Consórcio Novo Recife (Transcol e Pedrosa) e da empresa Globo, na Zona Norte da capital, também impedindo a saída dos veículos. Essas votações acontecem entre 3h e 5h e afetam o início da operação dos ônibus, porque as garagens ficam fechadas, impactando diretamente os passageiros que circulam cedo no sistema de transporte da RMR.
Filas grandes nos terminais integrados e paradas cheias foram encontradas onde há operação da Borborema. Segundo representantes do sindicato ao JC, a assembleia chegou ao fim e os ônibus já foram liberados para a circulação.
A série de assembleias - duas por dia - encerra na quarta-feira, 7 de agosto, quando a greve deve ser decidida. A deflagração do movimento será feita pelo Sindicato dos Rodoviários, sem a necessidade de uma nova reunião. Conforme Aldo Lima, presidente da entidade, à Coluna Mobilidade do JC, o edital da assembleia volantes prevê essa autonomia ao sindicato.
Ainda segundo Aldo, o sentimento da categoria é de greve. Os rodoviários realizam movimentos de paralisação parcial dos ônibus no Grande Recife há duas semanas, justamente no período em que a discussão salarial foi iniciada.
A categoria reconhece que o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) apresentou propostas financeiramente razoáveis, mas ressalta que essas propostas perdem relevância devido à falta de revisão das cláusulas coletivas, fundamentais para os trabalhadores.
“É o caso da implantação do plano de saúde, que a Urbana-PE não quis, se quer, assumir um compromisso oficial de que iria adotar mais na frente. Não tivemos isso amarrado, o que gera muita insatisfação na categoria. Outro aspecto é a questão do controle de jornada via GPS, aprovado ainda na gestão passada e que prejudica financeiramente o motorista. Ele está pagando para ir ao banheiro ou beber água entre as viagens, por exemplo. Calculamos uma perda de R$ 264 por mês porque as empresas têm descontado de 5 a 30 minutos”, relata Aldo Lima.
Na prática, as instituições teriam oferecido um aumento de 4,2% - o que representa um ganho real de 0,5% acima da inflação de 3,7% -, além de reajustar o vale-alimentação de R$ 366,40 para R$ 400 e aumentar o adicional pela dupla função dos motoristas. No entanto, a categoria reivindica um aumento real de 5%, a duplicação do valor do vale-alimentação e o adicional pela dupla função suba para R$ 500.