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Importação de carro elétrico no Brasil chega a 80 mil e indústria local já teme que possa ter perdido bonde de história

Números do primeiro semestre mostraram o comportamento dos fabricantes chineses que decidiram mandar, literalmente, navios de carros elétricos.

Publicada em 05/07/2024 às 09:46h - 39 visualizações

por Fernando Castilho


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A chinesa BYD mandou ao Brasil cinco mil carro que desembarcaram no Porto de Suape (PE) - Divulgação  (Foto: )

A nova carta da Anfavea, com os resultados do desempenho da indústria automotiva brasileira no primeiro semestre de 2024 trouxe um cenário assustador para a mais influente indústria do país.

A mesma que se jacta de estar programando investimentos de R$130 bilhões nos próximos anos para novos produtos, plataformas e negócios com o discurso de descarbonização. Mas parece claro que percebeu que talvez cheguem atrasados quando o que promete investir começar a sair de suas linhas de produção.

Explica-se: Nos últimos dois anos quando as vendas de veículos elétricos começaram a se consolidar no mundo, os presidentes das indústrias (não chinesas) consolidaram o discurso de que no Brasil o carro elétrico era caro demais e que, antes de comprá-los, os consumidores nativos percorreriam um caminho que permitiria a indústria aqui instalada se preparar para atender ao futuro mercado.

Plug-in a etanol

Uma delas, a Stellantis chegou a construir um discurso de que os veículos a serem usados no Brasil usariam a solução PHEV híbridos elétricos plug-in com etanol de cana de açúcar o que lhes daria, de fato, um selo verde já que combinaria o uso de energia gerada por fontes hídrica, inclusive eólica e solar. Um projeto impecável do ponto de vista ambiental.

Naturalmente, os fabricantes no Brasil mais uma vez recorreram ao governo. E obtiveram a aprovação de um novo programa de subsídios que ajudaria a fazer a transição para a produção no país de veículos híbridos elétricos assinada na última semana de junho pelo presidente Lula.

Made in Brazil

Entretanto, os números do primeiro semestre mostraram que o tempo parece ter sido longo demais. E que sem avaliar exatamente o comportamento dos fabricantes chineses que decidiram mandar, literalmente, navios de carros elétricos de modo a ocupar o mercado antes que o primeiro veículo “Made in Brazil” saísse da fábrica.

Entre janeiro e junho foram comercializados 79.304 veículos leves eletrificados contra os 93.30 de todo o ano passado. Eles chegaram a uma importação de 197.675 unidades onde 26% (51.722) vieram da China. O país passou a ser o segundo exportador para o Brasil, perdendo apenas para a Argentina - que mandou 51.722 ficando com 45% de vendas. A China já exporta para o Brasil mais que México e Alemanha juntos.

Divulgação
A chinesa GWM fez uma promoção que vendeu em uma semana pais de 700 veículos. - Divulgação

 

China não brinca

Os números de janeiro a junho fizeram as montadoras do Brasil tocarem suas trombetas admitindo que com a China não se brinca.

O discurso é o de aumento da concorrência em automóveis elétricos e a perda de mercado. E começou com a Anfavea revelando que, enquanto o Brasil cobra módicos 18% de taxa de importação, a própria China cobra 25%, a União Europeia entre 27% e 48% , enquanto o Canadá chegou a 106% e os Estados Unidos 102%.

Queixa tributária

O quadro que o setor enfrenta hoje no Brasil fez a participação de fabricantes brasileiros reduzirem suas vendas apenas para México, Colômbia, Chile, Peru e o Mercosul. E mostra que a atual “discrepância entre mercado brasileiro e mercados externos exige harmonização”. A Anfavea se queixa de que ainda paga resíduos tributários, sofre com a legislação trabalhista, burocracia e limitações logísticas.

É uma estratégia conhecida. Em todos os momentos de transição, a indústria automobilista arrancou subsídios para se manter competitiva internamente. Enquanto trabalhou numa legislação que restringe as importações. O fato novo agora é que a China - com dificuldades de vendas na Europa e América do Norte - se voltou para o maior mercado entre os países emergentes, entre eles os países dos BRICs.

Veículos a combustão

É importante atentar para o fato de que o Brasil vendeu quase 80 mil carros importados e ainda não tem referência se comparado aos veículos a combustão. As vendas de junho, por exemplo, foram de 1.144 unidades. Quase nada se comparado aos 14.396 emplacamentos de elétricos no mês.

Entretanto, o que assusta a indústria é o comportamento agressivo das montadoras chinesas exatamente nos veículos com embarque de maior tecnologia na faixa acima de R$200 mil. Então, uma coisa é a indústria nacional vender 200 mil carros Flex na faixa de 90 mil. Outra é a venda de quase 15 mil acima de R$200 mil numa tendência de encantamento dos clientes.

GWM e BYD

Outra coisa que surpreendeu as indústrias nativas é que o brasileiro fixou um conceito de preferência por carros híbridos e, especialmente, o híbrido plug-in que permite rodar muito mais quilômetros que os elétricos puros. Tanto que as chinesas GWM e BYD estão concentrando sua publicidade nos híbridos plug-in.

Não é que o primeiro semestre tenha sido mau. Mas o crescimento da produção em 2024 foi revisto para baixo, de 6,1% para 4,9%. E a produção acumulada no primeiro semestre foi de 1.138 milhões de unidades, volume apenas 0,5% superior ao do ano passado que frustrou a indústria.

Mais 200 mil

A questão é que no primeiro semestre, o Brasil fez quase 200 mil emplacamentos de modelos importados, 38% a mais do que no mesmo período do ano passado. Isso acendeu a luz amarela no setor nacional. E mais ainda porque do volume importado 54,1% unidades a mais são de origem chinesa representando 78% do total, com alta de 449% sobre o 1º semestre de 2023.

Então, a questão é o que 2024 vai representar em termos de perdas de vendas para as marcas chinesas. O que já está fazendo muito diretor de montadora passar a defender que suas empresas também tragam seus modelos híbridos para o Brasil. Até porque está claro que podem ter perdido todo o mercado quando começarem a fabricar seus elétricos em plantas brasileiras daqui a dois ou três anos.

 


Elétricos plug-in

Com o resultado do primeiro semestre de 79.304 veículos leves eletrificados, o Brasil praticamente já chegou à marca simbólica de 300 mil eletrificados leves em circulação no país desde 2012 (início da série histórica). Ou, mais exatamente, 299.735 veículos até junho.

Os eletrificados incluem todas as tecnologias: BEV 100% elétricos, PHEV híbridos elétricos plug-in, HEV Flex e a gasolina (não plug-in) e os micro-híbridos MHEV, com baixo grau de eletrificação. BEV: 5.190 (36,1%) PHEV:5.047 (35,1%) HEV: 1.239 (8,6%)HEV FLEX: 1.736 (12,1%)MHEV: 1.184 (8,2%).

 

Divulgação
A indiana Gulf fabricante de lubrificantes para automóveis, SUVs, pick-ups, motocicletas e veículos pesados vai ampliar sua planta de São Paulo. - Divulgação

 

Lubrificante SUV

A indiana Gulf, fabricante de lubrificantes para automóveis, SUVs, pick-ups, motocicletas e veículos pesados, vai ampliar sua planta de São Paulo, que tem capacidade de três milhões de litros/mês para 4,5 milhões de litros/mês, nos próximos meses.

E ampliar seu portfólio de produtos. Os lubrificantes da nova linha Gulf inclui óleos de transmissão, para engrenagem e uso industrial.

 

Divulgação
O Aeroporto de Campina Grande (PB) ganha painel gigante em homenagem ao escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. - Divulgação

 

Ariano Suassuna

O Aeroporto de Campina Grande (PB) ganha painel gigante em homenagem ao escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. Ele tem 13 metros de largura e quase seis de altura e foi produzido pelo coletivo Nois Tudin na fachada do aeroporto. E mostra uma representação criativa do Auto da Compadecida, uma das peças teatrais mais famosas do artista paraibano, e que foi transformada em filme.

Energia eólica

A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), revelou que a matriz energética eólica recebeu U$42,4 bilhões de investimentos, entre 2011 e 2022, resultando em 32 GW de capacidade instalada em operação comercial e teste. Ela virou a segunda maior fonte de matriz elétrica na produção brasileira, com mais de 10% de participação. Além disso, ela gera 11 postos de trabalho a cada novo MW instalado.

Visão de empregado

Uma pesquisa realizada pela empresa CEGOS, especializada em treinamento e desenvolvimento, revela que 75% das empresas brasileiras identificam o racismo como a principal forma de discriminação no ambiente de trabalho, seguido por opiniões políticas (42%) e aparência física (37%), além de opiniões políticas (42%). A

Aeroporto pontual

Cirium, uma das principais consultorias do mercado de aviação do mundo, revelou que o Aeroporto de Congonhas, administrado pela Aena Brasil há sete meses, registrou 86,18% de pontualidade no mês de maio, ficando em segundo lugar no ranking mundial entre os aeroportos grandes de alcance regional.

5G Brisanet

No próximo dia 26 de julho, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza acontece o Brisatech, um congresso sobre negócios, tecnologia e inovação patrocinado pela telefônica Brisanet com palestrantes do Google, Huawei, Magazine Luiza e Qualcomm, para uma pauta sobre inteligência artificial, negócios no ambiente digital e economia criativa. No evento a telecom, líder em market share de banda larga fixa na região Nordeste, vai lançar o 5G da Brisanet na Grande Fortaleza.

 

Fernando Castilho
João Cândido. O primeiro navio contratado pela Transpetro foi o estaleiro Atlântico Sul de Suape. - Fernando Castilho

 

Navio da Petrobras

Nesta segunda-feira (8) às 14h30, a Transpetro anunciou a primeira licitação para os primeiros navios do programa de ampliação e renovação da sua frota. A entrevista coletiva poderá ser acompanhada de forma presencial ou remota via Microsoft Teams. Mas os jornalistas credenciados para a transmissão virtual da coletiva não poderão fazer questionamentos.

Alíquota da reforma

Uma projeção feita pela Calculadora da Reforma Tributária e desenvolvida pela empresa de inteligência artificial, gestão contábil, fiscal e financeira de médias e grandes empresas ROIT e divulgada em audiência pública no Senado Federal no dia 23 de agosto de 2023 pode ter cravado a alíquota a ser adotada na reforma tributária: 29,5%.

Mas esse não será o maior desafio do governo para gerenciar os novos tributos. segundo o advogado tributarista, Lucas Ribeiro e especialista em Inteligência Artificial aplicada a impostos, o split payment poderá ser o desafio mais complexos para o pleno funcionando do IBS e da CBS em 2026 uma vez que será necessário integrar todas as 5.569 prefeituras para que as notas fiscais de serviços (NFSe) também participem do sistema e não apenas as notas fiscais de mercadorias.




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