O Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi avaliado em R$ 34.924.000 (trinta e quatro milhões, novecentos e vinte e quatro mil). O valor, informado nesta segunda-feira (22) em processo judicial, será o lance inicial do prédio em leilão, marcado para os dias 22 e 23 de maio de 2024.
A análise foi feita pelo perito e engenheiro civil Gustavo Farias, designado pela Justiça, e levou em consideração a estrutura atual do edifício, vistoriado por ele no dia 13 de abril, e o preço de mercado da localidade — uma área nobre da cidade.
O leilão é resultado de um processo judicial iniciado pela Prefeitura do Recife diante de fiscalizações que apontaram uma má preservação do Holiday. O prédio não corria sério risco de incêndio pela precariedade das instalações elétricas e, consequentemente, colocava vidas em risco.
O condomínio, formado por 476 apartamentos, não conseguiu executar as reformas necessárias para adequação da rede elétrica, já que enfrentava uma inadimplência mensal de mais de 60%. Assim, em 2019, o prédio foi interditado, e os moradores, em sua maioria de baixa renda, foram expulsos de casa sem ajuda.
Desde então, foram feitas tentativas de financiar reformas no edifício, sem sucesso. Uma delas partiu do Grupo de Trabalho Holiday (GT Holiday), formado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) junto à Universidade de Pernambuco (UPE), que doou projetos elétrico e estrutural que custariam mais de R$ 500 mil que contemplavam todas as alterações necessárias para colocar o prédio dentro das normas atuais de segurança.
Então, em novembro do ano passado, o antigo juiz do caso, Luiz Rocha, marcou o leilão para o dia 28 de março deste ano. No mês passado, contudo, o novo juiz adiou o leilão porque o prédio ainda precisava passar por perícia antes dele.
Mas a decisão acrescentou que a venda poderia ser cancelada caso moradores apresentassem um cronograma de obras a fim de recuperar e voltar para o prédio. No entanto, o município, autor do processo, questionou a decisão, pedindo a agilidade no caso, o que foi acatado pelo juiz Marcos Garcez.
O valor obtido pela venda será utilizado para indenizar os antigos moradores.
A venda dá direito ao comprador de fazer o que bem quiser com o Edifício Holiday - inclusive demoli-lo. Apesar dos pedidos já feitos, o Holiday nunca ganhou uma proteção patrimonial. Não há, hoje, processos abertos de tombamento para o imóvel na Prefeitura do Recife, na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) ou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Mas diante da importância arquitetônica, histórica e paisagística que ele possui para a cidade, a Prefeitura do Recife elaborou ficha de diretrizes para orientar o comprador do edifício. Nela, recomendou que o Holiday não seja demolido ou descaracterizado a menos que “comprovadamente, seja atestado comprometimento considerável da estrutura”.
A coluna de João Alberto, deste JC, antecipou que há um consórcio de construtoras da cidade interessada em comprar o prédio e transformá-lo em "apart-hotel", a partir de um retrofit que preservaria sua estrutura. Além disso, construiria um edifício-garagem numa área anexa. O projeto já estaria pronto.