A hidrocefalia, condição marcada pelo acúmulo anormal de líquido céfalo-raquidiano (líquor) no cérebro, continua sendo um desafio complexo tanto para médicos quanto para pacientes.
Para entender melhor essa condição e suas implicações, conversamos com o Dr. Antônio Marco, neurocirurgião do Hospital Jayme da Fonte, que esclareceu sobre as causas, diagnóstico, tratamento e perspectivas mais recentes sobre a hidrocefalia em crianças e adultos.
De acordo com o Dr. Antônio Marco, a hidrocefalia pode se manifestar de diferentes formas, sendo mais comum em crianças, como uma condição congênita ou adquirida, e em adultos como resultado de obstrução ao fluxo líquido ou aumento da produção de líquor devido a tumores ou outras condições.
"A hidrocefalia pode retardar o Desenvolvimento Neuropsicomotor da criança com diminuição do seu desenvolvimento cognitivo e também as suas habilidades motoras. Então, no caso de uma hidrocefalia congênita, ela deve ser tratada o quanto antes para evitar, às vezes, prejuízos irreversíveis no crescimento da criança", explica o médico.
"Existe ainda a hidrocefalia de pressão normal, essa mais comum em pacientes de uma idade mais avançada, que cursam justamente com um quadro de perda cognitiva, dificuldade de andar e, geralmente, também dificuldade do controle urinário", complementa.
Os pais devem estar atentos a certos sinais que podem indicar hidrocefalia em bebês e crianças. Durante o desenvolvimento fetal, por exemplo, exames de ultrassom são úteis para detectar possíveis anomalias no sistema nervoso central, incluindo hidrocefalia.
“Após o nascimento, é importante monitorar regularmente o perímetro da cabeça da criança durante as consultas pediátricas. Um aumento anormal no perímetro craniano pode ser um sinal de alerta, e o pediatra estará atento a essas mudanças e poderá agir em conformidade”, ressalta o médico.
Em adultos, o diagnóstico da hidrocefalia envolve exames como tomografia e ressonância magnética, além da avaliação clínica dos sintomas apresentados pelo paciente.
"Sinais como aumento do perímetro encefálico, atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e alterações no padrão de marcha devem ser prontamente avaliados por profissionais capacitados", destaca o Dr. Antônio Marco.
“Além disso, é importante tratar precocemente infecções do sistema nervoso central e tumores para reduzir o risco de hidrocefalia”, completa.
Quanto ao tratamento, o neurocirurgião destaca as opções disponíveis, incluindo a colocação de válvulas para drenagem do líquor e cirurgias endoscópicas para correção de obstruções.
"Normalmente, para tratar o excesso de líquido na cabeça, é colocada uma válvula que desvia o líquido para a cavidade abdominal, conhecida como derivação ventrículo-peritoneal. Nesse percurso, é inserida uma válvula, podendo ser de pressão baixa, média ou alta, as quais podem ser fixas ou variáveis. Após a cirurgia, é possível regular a pressão ajustando a resistência à passagem do líquor”, explica o neurocirurgião do Hospital Jayme da Fonte.
“Nas válvulas de pressão regulável, não é necessário realizar uma nova cirurgia para ajustar a pressão, pois isso pode ser feito de forma indolor. Outra opção é corrigir a estenose do aqueduto cerebral, por exemplo, por meio de cirurgia endoscópica para tratar a hidrocefalia", acrescenta o Dr. Antônio Marco.
O Hospital Jayme da Fonte é reconhecido como referência em urgência e emergência 24 horas, assim como nos atendimentos de neurologia e neurocirurgia.