A guerra entre Israel e Hamas já deixou quase 30.000 mortos na Faixa de Gaza, bombardeada constantemente pelo exército israelense e ameaçada pela fome, apesar das esperanças dos mediadores de alcançar em breve uma trégua.
Na madrugada desta quarta-feira (28), os bombardeios de Israel atingiram novamente Zeitun, no norte do território, que também é cenário de combates nas ruas, além de Khan Yunis e Rafah, no sul, segundo um correspondente da AFP na Faixa.
A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos do grupo islamista Hamas atacaram o sul de Israel e assassinaram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.
Também sequestraram cerca de 250 pessoas: 130 continuam retidas no território palestino, incluindo 31 que as autoridades israelenses acreditam que foram mortas. Em novembro, uma trégua de uma semana permitiu a troca de mais de 100 reféns por quase 240 palestinos detidos em Israel.
Em retaliação, Israel iniciou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza que matou 29.954 pessoas, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado desde 2007 pelo Hamas.
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que 76 pessoas morreram nas últimas 24 horas.
O Exército anunciou a morte de dois soldados, o que eleva a 242 o número de militares israelenses falecidos desde o início da ofensiva terrestre em Gaza, no dia 27 de outubro.
Após quase cinco meses de guerra, Estados Unidos e Catar, mediadores no conflito ao lado do Egito, esperam alcançar uma trégua antes do início do Ramadã, em 10 ou 11 de março, que permita libertar parte dos 130 reféns.
Segundo uma fonte próxima ao Hamas, movimento classificado como organização terrorista por Estados Unidos, Israel e União Europeia, o cessar-fogo teria duração de seis semanas e, a cada dia, um refém seria trocado por 10 palestinos presos em Israel. Além disso, o grupo islamista quer o aumento da ajuda humanitária destinada a Gaza.
Na terça-feira, o emir do Catar, Tamim bin Hamad al Thani, que visitava Paris, e o presidente da França, Emmanuel Macron, reiteraram a vontade comum de alcançar "rapidamente um cessar-fogo".
O ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al Maliki, defendeu, nesta quarta, um governo "tecnocrático" sem a participação do Hamas para "deter esta guera insensata".
"Agora não é o momento de um governo de coalizão nacional", disse ele em Genebra. Um Executivo com o Hamas "será boicotado por vários países, como aconteceu antes", insistiu o ministro, cujo governo, que administra partes da Cisjordânia, anunciou sua demissão na segunda-feira.
"Minha esperança é que tenhamos um cessar-fogo na próxima segunda-feira", afirmou o presidente americano, Joe Biden.
Paaralelamente, Washington instou Israel, nesta quarta-feira, a permitir que os muçulmanos rezem na mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, durante o ramadã, depois que um ministro de extrema direita propôs proibir o acesso ao local dos palestinos da Cisjordânia ocupada.
Apesar das várias advertências internacionais, o chefe de Governo de Israel reiterou o empenho em prosseguir com a ofensiva e prometeu iniciar uma operação contra Rafah, uma localidade do sul da Faixa onde 1,5 milhão de palestinos sobrevivem aglomerados, muitos deles procedentes de outros pontos do território em busca de refúgio, segundo a ONU.
Netanyahu disse que Rafah é o "último reduto" do Hamas e uma eventual trégua apenas "adiaria" a ofensiva que está determinado a lançar.
Um pequeno protesto foi organizado nesta quarta-feira nesta localidade, em um sinal do crescente desespero dos moradores.
O governo do Hamas deveria "interferir" para que os civis palestinos tenham acesso a itens básicos, mas "não lhes importa", criticou Khamis Shallah, deslocado da Cidade de Gaza.
A guerra, que transformou Gaza em uma "zona de morte", segundo a ONU, é, de longe, a mais letal dos cinco conflitos entre Israel e Hamas.
A ONU calcula que 2,2 milhões de pessoas, ou seja, a grande maioria da população, enfrentam risco de fome, em particular no norte de Gaza, que não recebe nenhum comboio com ajuda humanitária desde 23 de janeiro.
Nesta área, "se nada mudar, uma fome é iminente", advertiu Carl Skau, diretor executivo adjunto do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU.
Jornalistas de emissoras de TV britânicas e americanas pediram a Israel e Egito "livre acesso" para todos os veículos de comunicação estrangeiros em Gaza, onde desde 7 de outubro "tem sido negado o acesso aos jornalistas estrangeiros, exceto por escassas visitas com escolta do exército israelense".