Resumo das mudanças
O TSE aprovou por unanimidade uma resolução para regulamentar o uso da inteligência artificial durante as eleições municipais de outubro. O objetivo da Corte é evitar a circulação de imagens e vozes falsas para manipular declarações de candidatos e autoridades.
Por Marcelo Senise, presidente do IRIA - Instituto Brasileiro para Regulamentação da Inteligência Artificial
O Instituto Brasileiro para Regulamentação da Inteligência Artificial (IRIA) vem a público manifestar-se sobre as recentes resoluções aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação ao uso de inteligência artificial (IA) nas eleições.
É lamentável observar a lentidão e a superficialidade com que o Congresso Nacional tem tratado esse tema, relegando sua principal obrigação constitucional: a defesa democrática do país.
Nesse contexto, é com satisfação que o IRIA reconhece e enaltece a atuação do TSE em conduzir o debate sobre a IA nas eleições. As resoluções aprovadas nesta noite, após consulta popular e sob a liderança da Ministra Cármen Lúcia e sua equipe, representam um importante avanço rumo à regulamentação necessária.
O conjunto normativo aprovado, embora ainda não seja ideal, estabelece restrições ao uso de deepfakes e de IA nas campanhas eleitorais, o que certamente contribuirá para coibir práticas que poderiam desequilibrar o processo eleitoral. A corajosa atitude do TSE em enfrentar esse desafio e aprovar tais medidas é digna de reconhecimento.
Dentre os principais pontos das resoluções, destaca-se a proibição do uso de deepfakes, a necessidade de divulgação explícita do uso de IA nas campanhas, e a previsão de penalidades, incluindo a cassação do candidato em caso de descumprimento das regras.
O IRIA reafirma seu compromisso com a defesa da integridade democrática e se coloca à disposição para colaborar no aprimoramento das regulamentações relacionadas ao uso da IA nas eleições, visando garantir um processo eleitoral justo e transparente para todos os brasileiros.
O IRIA, instituto fundado durante o COMPOL em Minas Gerais no ano passado, surge como resposta ao crescente avanço da IA e à ausência de debates sobre sua regulamentação, especialmente no contexto eleitoral. Composto por profissionais do marketing político, operadores de comunicação política e institucional, jornalistas, assessores de imprensa, consultores políticos, juristas e membros da comunidade acadêmica, o IRIA nasce do inquietante sentimento de preocupação com os rumos que a IA pode tomar sem uma orientação regulatória adequada.