A suposta delação não homologada do ex-policial militar Ronnie Lessa tem movimentado o caso Marielle Franco.
Agora é indicado que além de apontar o nome do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Brazão, como foi revelado pelo The Intercept Brasil, Lessa pode ter falado sobre a presença de um segundo mandante.
A informação é da coluna Segredos do Crimes, de Vera Araújo no Globo. A jornalista que escreveu o livro "Mataram Marielle" afirma que a delação de Ronnie Lessa ainda não homologada pode apontar para possibilidade de que existam dois mandantes da morte de Marielle Franco.
O executor dos disparos que mataram Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, fez um acordo de delação premiada com a Polícia Federal no final de 2023, mas ainda não teve o material validado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A delação de Ronnie Lessa está sendo analisada e investigada pelo Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), que precisa identificar com provas se as declarações de Lessa sobre o caso Marielle Franco são verdadeiras. O indicativo de que a colaboração está no STJ indica que um dos mandantes tem foro privilegiado.
Citado na reportagem do Intercept Brasil e já investigado anteriormente, Domingos Brazão é o único dos investigados pela polícia e pelo Ministério Público do Rio que teria esse foro.
Brazão já negou seu envolvimento na morte de Marielle diversas vezes e após a revelação sobre seu nome na delação relatou que "Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson, nem tampouco ao Lessa e ao Élcio de Queiroz (que dirigiu na emboscada). Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala numa delação tem que ser confirmado".
O plano da Polícia Federal é concluir o caso até março, mês em que fazem seis anos da morte de Marielle Franco.