A Polícia Civil prendeu uma funcionária de um posto de saúde que atendia clandestinamente integrantes da facção que atua em Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, quando eles eram feridos à bala em confrontos com a polícia. A mulher ainda é acusada de repassar dados de pacientes para que os criminosos praticassem golpes.
O mandado de prisão preventiva em desfavor de Valesca Helena dos Santos foi cumprido nessa quinta-feira (30) por policiais da Delegacia de Porto de Galinhas, sob a coordenação do delegado Ney Luiz Rodrigues.
As investigações apontaram que ela tem envolvimento com a organização criminosa Trem Bala/CLS, ocupando uma posição hierárquica privilegiada. Segundo a polícia, ela é mãe de um dos líderes do grupo.
A Trem Bala, facção que domina o tráfico de drogas em Porto de Galinhas, é conhecida por agir com extrema violência contra os rivais, com a prática de tortura e homicídios.
As investigações indicaram a existência de cemitérios clandestinos em áreas de mangue em Porto de Galinhas, onde os criminosos desovam os corpos das vítimas - dificultando a identificação de pessoas desaparecidas.
Além do tráfico de drogas, o grupo é especializado no comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de dinheiro. Também teria ligação com as maiores facções do País, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
Para a polícia, o grupo é bem organizado, com estrutura hierárquica e divisão de tarefas entre os membros: há "olheiros", vendedores de drogas, gerentes do tráfico, homicidas, "laranjas" que emprestam contas bancárias para a lavagem de dinheiro, chefias e líderes da organização.
Valesca Helena é suspeita de ser mandante de pelo menos dois homicídios, motivados pelo fato de as vítimas terem discutido com a investigada. Uma das brigas, inclusive, teria ocorrido por causa de som alto.
A polícia também descobriu que ela dá orientações à facção em relação a eventuais desentendimentos entre integrantes. E também é responsável por avisar a eles sobre a presença de policiais na região.
Funcionária da Prefeitura de Ipojuca, onde Porto de Galinhas está situada, Valesca também estaria se utilizando das funções que desempenha no posto de saúde para se apropriar de dados de pacientes e repassá-los para a facção, a fim de que sejam utilizados para cadastrar chip/linhas telefônicas que serão utilizadas pelo grupo criminoso.
Desse modo, as linhas telefônicas utilizadas pelos membros da facção ficam sem vínculo formal com os reais usuários - dificultando o trabalho da polícia para identificar os criminosos.
Por fim, a polícia identificou que a suspeita é responsável por providenciar cuidados médicos às aos criminosos que ficam feridos durante confronto com a polícia, evitando que eles sejam localizados em hospitais. Ela ainda é suspeita de providenciar atestados médicos falsos.