A Polícia Civil segue investigando o caso das estudantes de um colégio particular do Recife que foram vítimas de montagens de fotos nuas com uso de inteligência artificial. Nesta quinta-feira (9), a corporação afirmou que 18 garotas foram vítimas dos falsos nudes - e não 40, como alguns veículos de comunicação especularam.
O caso foi descoberto na última segunda-feira (6), quando um dos alunos contou a uma das vítimas que fotos estavam sendo alteradas e compartilhadas por meio de um aplicativo de mensagens. Todas as vítimas têm idades entre 13 e 14 anos e estudam no Colégio Marista São Luís, no bairro das Graças, Zona Norte da capital pernambucana.
As queixas foram registradas na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (DEPAI). O Conselho Tutelar também foi acionado.
Em um comunicado assinado pelo diretor Maicon Donizete Andrade Silva, e enviado por e-mail aos pais e responsáveis pelos estudantes, na terça-feira (7), a instituição de ensino declarou que os alunos envolvidos na produção e compartilhamento dos falsos nudes receberam "medidas sociodisciplinares previstas em regimento".
Também informou que "atendeu as famílias de cada um desses estudantes, informando-as sobre as medidas cabíveis aplicadas". O texto, no entanto, não disse quais medidas foram adotadas.
À imprensa, o colégio afirmou que "orientou e prestou atendimento às famílias das vítimas, alunas que tiveram a imagem manipulada por aplicativo de inteligência artificial, tão logo soube do fato nesta segunda (6). A equipe do colégio acompanhou os familiares para registrar queixa na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais - DEPAI e também fez denúncia no Conselho Tutelar".
"O Colégio lamenta o fato e se solidariza com as vítimas, prestando o apoio necessário. A Instituição reitera o compromisso em apurar o ocorrido internamente e aplicar rigorosamente as sanções disciplinares previstas no regimento escolar. Paralelamente, irá auxiliar nas investigações policiais", afirmou o texto da escola particular.
"O Marista ressalta que investe ao longo do ano letivo em campanhas de esclarecimento sobre o uso de redes sociais e ferramentas de inteligência artificial, além de prevenção ao Bullying e CiberBullying, incluindo a presença de especialistas no assunto para abordar o tema com a comunidade educativa", completou.
Os autores das montagens podem responder por ato infracional equivalente ao crime previsto no art. 241-C do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): "Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual".
Na semana passada, mais de 20 alunas de um colégio particular da zona oeste do Rio de Janeiro também foram vítimas dos falsos nudes.
Segundo depoimentos dos pais, estudantes do Colégio Santo Agostinho teriam utilizado um aplicativo para produzir as imagens falsas de colegas.
De acordo com eles, a partir de uma foto da pessoa vestida, a ferramenta analisa suas características e substitui a imagem por um corpo bastante semelhante, só que nu. Esse tipo de app é chamado de "deep nude".
O caso está sendo investigado pela polícia. Na segunda-feira, vítimas prestaram depoimento.
Por meio de nota, o Colégio Santo Agostinho declarou aos pais de alunos em que lamenta o episódio e afirma que "serão tomadas as medidas disciplinares aplicadas aos fatos cometidos, em tutela escolar".