Um funcionário da Compesa viveu momentos de terror no último sábado (28) ao ser vítima de um assalto em seu horário de expediente na Estação Elevatória Prata 1, em Caruaru, no Agreste pernambucano.
A investida dos criminosos ocorreu no fim da tarde, com o dia ainda claro. Homens invadiram o local, roubaram um carro, um celular, todos os pertences da vítima e um conjunto de motobomba.
Ao deixar o local, os bandidos trancaram o funcionário dentro da sala. Ele conseguiu sair do local após arrombar a porta e pedir ajuda a um mototaxista.
"Antigamente era de madrugada, agora está acontecendo na parte da tarde. Não estão esperando nem anoitecer. O operador vive à mercê da sorte e ninguém faz nada", denunciou o dirigente do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco (Sindurb-PE), José Barbosa.
Ele afirma que não há segurança privada nas estações de tratamento do interior do estado, e que dificilmente há rondas da Polícia Militar para garantir a segurança dos trabalhadores.
"Não tem policiamento, o trabalhador fica sozinho. Algumas estações têm, mas as do interior são raras as que têm vigilância. Graças a Deus que ainda não mataram um operador. O pior é que ninguém faz nada", contou.
"Estão tomando dinheiro dos trabalhadores, mudando de conta para conta, e não se rastreia conta bancária, não se descobre nada. Tá faltando política séria para que isso aconteça", completou José Barbosa.
O sindicalista afirmou já ter pedido ajuda à Compesa por diversas vezes, por meio de denúncias e reuniões realizadas com a gestão atual e com duas gestões anteriores.
"Já denunciamos esses assaltos várias vezes e a Compesa não faz nada. Foram diversos ofícios e as unidades seguem sem segurança nenhuma. Os trabalhadores já não aguentam mais", completou.
Em março deste ano, o sindicato protocolou denúncia junto à Superintendência Regional do Trabalho de Pernambuco (SRT-PE) sobre a "onda de violência e insegurança que os funcionários vêm sofrendo em suas estações e unidades de trabalho".
No texto, o Sindurb disse que os empregados da Compesa vêm sofrendo exposição cotidiana e risco iminente de morte ou lesões corporais, decorrentes de ações agressivas em forma de assalto quando do exercício das suas atividades. A entidade diz que existem unidades que foram assaltadas mais de cinco vezes.
"Foi verificado que os trabalhadores envolvidos com o procedimento de captação, tratamento e distribuição de água que laboram em estações elevatórias, estações de tratamento e locais de armazenamento e distribuição vêm sofrendo todos os tipos de ameaça e constrangimento no exercício de suas funções, sem qualquer aparto de segurança e preservação de suas integralidades físicas", expõe o documento.
De acordo com José Barbosa, o roubo de equipamentos nesses assaltos prejudica o abastecimento de água da população. Até esta segunda-feira (30), os moradores ainda atravessavam problemas devido ao assalto do último sábado.
"São necessários três dias para reabastecer o sistema, reinstalar o conjunto de motobomba. Hoje ainda está prejudicado. Quando para o sistema, entre em ação o trabalho dos carros-pipa, mas prejudica demais a população", disse o sindicalista.
"Além dos trabalhadores laborarem sem o mínimo de segurança, agora a população também está pagando o preço da falta de investimentos nas unidades operacionais", afirmou a diretora do Sindurb, Kátia Regis.
A própria Compesa compartilhou, no dia 13 de outubro, outro assalto sofrido em unidades do Agreste, desta vez em Bezerros, Gravatá e Sairé. Os criminosos furtaram equipamentos e fiações elétricas.
Foram invadidas as Estações Elevatórias de Araçá e Brejão, deixando as unidades sem condições de funcionamento, prejudicando 150 mil moradores.
"A Compesa registrou Boletim de Ocorrência na polícia para os dois casos e, em contato com as autoridades competentes, solicitou investigação para identificar e punir os criminosos. A Compesa informa, ainda, que lamenta a ocorrência de fatos desta natureza, que penalizam toda a população", disse a companhia, em comunicado.
O blog de Jamildo entrou em contato com a Compesa nesta segunda-feira para questionar como é feita a segurança dos funcionários no interior. A matéria será atualizada assim que houver retorno.