Mais de 70 líderes de facções criminosas que atuam em Pernambuco foram identificados e isolados na nova unidade do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, na Zona da Mata Norte. Investigações apontaram que, mesmo já presos, eles continuavam se comunicando com outros criminosos e dando ordens, inclusive de assassinatos de rivais - o que resulta no aumento das estatísticas da violência.
A operação sigilosa para transferência dos presos de alta periculosidade aconteceu no dia 12 de setembro, logo após a inauguração da unidade 2 de Itaquitinga, contou com o apoio da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A informação foi revelada, nessa terça-feira (17), pelo secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho.
"Estamos em busca da melhor solução no combate à violência. Por isso, há uma preocupação em segregar quem deve ser segregado. Contamos com a ajuda das unidades de inteligência da Secretaria de Defesa Social e da Secretaria Executiva de Ressocialização para identificar esses líderes e tomar essa medida mais severa de isolar na unidade 2 de Itaquitinga", afirmou o secretário.
Estudos realizados pela Polícia Civil de Pernambuco para tentar barrar o avanço dos crimes contra a vida - principalmente na Região Metropolitana do Recife (RMR) - identificaram que a guerra entre grupos rivais tem contribuído para o aumento das estatísticas de homicídios. As ordens para os crimes, em geral, saem dos presídios, devido à superlotação e à falta de segurança adequada para impedir que os presos mais perigosos continuem agindo livremente.
Com a abertura de 996 vagas, em Itaquitinga, os investigadores entenderam que o isolamento total de cada líder de facção seria a medida mais correta para diminuir a guerra entre esses grupos e, consequentemente, resultar na queda da violência.
Está em planejamento uma nova operação para mais transferências de líderes de organizações criminosas.
O sistema prisional pernambucano conta, atualmente, com quase 29 mil presos no regime fechado ou semiaberto. Mas só há 15.422 vagas. Além da superlotação, o número de policiais penais é bem abaixo do necessário para evitar que os crimes nos presídios.
Apenas cerca de 1,8 mil policiais penais fazem a segurança das unidades. O ideal seria um profissional para cada cinco presos.
Houve a recente nomeação de 338 novos policiais penais, mas 970 aprovados e formados no curso ainda aguardam o calendário de nomeação, que não tem prazo para ser divulgado pelo governo estadual.
De acordo com a SDS, 319 pessoas foram mortas em setembro deste ano. No mesmo período de 2022, foram somados 222 ocorrências. Isso significa que houve um aumento de 43,68%.
O número de mortes violentas registrado em setembro é o pior do ano em Pernambuco até agora. Além disso, a quantidade de vítimas é a maior, em um único mês, desde março de 2022 - quando 344 pessoas foram mortas.
No acumulado deste ano, 2.720 mortes já foram contabilizadas pela polícia. No mesmo período de 2022, foram 2.544. O crescimento é de 6,9%.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela SDS, estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.