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Tratamento da síndrome de Burnout não deve ser individualizado, diz especialista

Psicólogo destaca que, para prevenir Burnout, é preciso tratar as empresas em vez de o trabalhador individualmente

Publicada em 11/09/2023 às 11:21h - 43 visualizações

por Cinthya Leite


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Desde janeiro de 2022, a síndrome de esgotamento profissional é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença relacionada ao trabalho - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS  (Foto: )

Da Agência Brasil

A síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, pode atingir todas as esferas de trabalhadores e não deve ser tratada de forma individualizada. É o que aponta uma pesquisa sobre a presença de Burnout no mundo corporativo e especialistas ouvidos pela Agência Brasil

Da Agência Brasil

A síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, pode atingir todas as esferas de trabalhadores e não deve ser tratada de forma individualizada. É o que aponta uma pesquisa sobre a presença de Burnout no mundo corporativo e especialistas ouvidos pela Agência Brasil

Da Agência Brasil

A síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, pode atingir todas as esferas de trabalhadores e não deve ser tratada de forma individualizada. É o que aponta uma pesquisa sobre a presença de Burnout no mundo corporativo e especialistas ouvidos pela Agência Brasil

Desde janeiro de 2022, a síndrome de esgotamento profissional é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença relacionada ao trabalho

Um levantamento feito com 600 pessoas pela Way Minder, plataforma online de saúde mental e bem-estar emocional, atribuiu pontos para diversos ramos de atuação profissional, a fim de classificar a presença da síndrome.

Os segmentos com maiores pontuação, ou seja, onde os funcionários são mais afetados pelo problema, foram áreas de recursos humanos (43), vendas (42,11), educação (42,1) liderança (40,43), administrativo (38,38) e tecnologia da informação (36,61).

"O Burnout ser categorizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença ocupacional que tem levado as empresas a ligarem o alerta sobre a qualidade emocional de seus colaboradores, com adoção de ações e ferramentas que possam contribuir com sua qualidade de vida e reduzir os impactos negativos que essa doença pode causar aos negócios", diz o cofundador da plataforma Deivison Pedroza. 

SÍNDROME DE BURNOUT NAS CHEFIAS  

O levantamento identificou forte sinal de alerta também em cargos de direção e chefias, como supervisores e gerentes.

Nessas esferas, pessoas nascidas entre as décadas de 1960 e início da de 1980, consideradas mais tradicionais em relação ao trabalho, que costumam preferir carreiras estáveis, são as que apresentam os maiores índices (48,83), ficando muito próximo do nível elevado, quando atinge a pontuação entre 50 e 59.

"A situação de estresse tem efeitos negativos que atingem não apenas o indivíduo, mas também as pessoas que estão ao seu redor, toda a família e, claro, o ambiente de trabalho", aponta Pedroza.

"É imprescindível que as empresas e os profissionais estejam cientes da importância de abordar a saúde mental e o bem-estar emocional de forma abrangente e eficaz", completa. 

SÍNDROME DE BURNOUT, ESTRESSE E DEPRESSÃO: DIFERENÇAS 

Para que não haja uma banalização da síndrome de Burnout como se fosse um mero evento de estresse, é importante entender exatamente o que é a síndrome, pontua o psicólogo Antonio José de Carvalho, autor do livro Síndrome de Burnoutuma Ameaça Invisível no Trabalho, que será lançado na próxima quarta-feira (13), na Livraria Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro. 

O psicólogo explica que Burnout é uma síndrome relativamente moderna, dos anos 70. Diferentemente do estresse, que se dá de forma corriqueira, porém não de forma persistente, Burnout é uma condição de estresse acumulado, crônico.

O psicólogo faz a comparação com um elástico de prender dinheiro para ilustrar a diferença. "Se você puxar o elástico, e ele ainda estica e volta, não perde essa condição, isso é estresse. Quando você puxa o elástico, e ele fica deformado e não volta mais, você pode dizer que a pessoa está com Burnout", explica.

"Burnout não acontece de um dia para o outro, é um estresse acumulado que pode levar à depressão e que sugere um comportamento suicida", alerta. 

BURNOUT: UMA SÍNDROME SILENCIOSA  

O especialista aponta, entre um dos fatores para desencadeamento da síndrome, uma jornada de trabalho que expõe o trabalhador a um alto nível de estresse por tempo prolongado.

Para ele, apesar do alastramento de casos em empresas, a síndrome de Burnout ainda se comporta como um problema "invisível". 

O psicólogo destaca que as empresas precisam mudar o ambiente para evitar a síndrome. "Se a pessoa quebra um braço, todos na empresa percebem o problema. Mas se o problema é psíquico, fica mais difícil de reconhecer. Então, é invisível e muitas vezes tratado incorretamente como um problema individual", pontua.  

COMPETIÇÃO, PRESSÃO, METAS E SÍNDROME DE BURNOUT  

O psicólogo Antonio José de Carvalho considera que faltam pesquisas nacionais mais aprofundadas sobre o problema, além de ausência também do desenvolvimento de estratégias eficientes para a prevenção.

Um diagnóstico que o psicólogo faz relaciona a síndrome de Burnout a características do mundo corporativo capitalista, marcado por grande competição, busca por produtividade, perseguição de metas e longas jornadas, por exemplo. 

Esse diagnóstico está associado à ideia de que para prevenir Burnout, é preciso tratar as empresas em vez de o trabalhador individualmente. "Eu entendo que as empresas, as organizações, de um modo geral, estão adoecidas, são tóxicas na maioria das vezes."

Soma-se a isso, na visão do autor, o fato de que, "por mais que os trabalhadores possam sofrer do mesmo mal ao mesmo tempo, cada um vai sentir de uma maneira diferenciada".

Por isso, a comparação das empresas com um aquário. "O aquário seria a empresa; a água, a cultura organizacional; e os peixes, os colaboradores. Se o peixe adoece, não adianta você tratar o peixe. Você teria que tratar a água. Caso contrário, o peixe vai ser tratado, vai voltar para o aquário e vai ficar, de novo, acometido pela síndrome de Burnout, esse mal silencioso", faz a analogia.

"Precisa tratar da água, do aquário, consequentemente, da cultura organizacional", finaliza o psicólogo. 




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