O ex-presidente Jair Bolsonaro não foi preso nesta sexta-feira (18). O boato passou a circular em forma de dúvida na manhã de hoje após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinar, ontem, a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Pesa contra Bolsonaro, ainda, um possível novo depoimento do seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, anunciado ontem. A defesa do militar prometeu que ele irá confessar que vendeu as joias de luxo, alvos de investigação, a mando de Bolsonaro.
O advogado de Cid também diz que ele pretende revelar que repassou o valor da venda em dinheiro vivo para Jair Bolsonaro, e que o ex-presidente seria o líder do esquema de comercialização dos presentes.
O depoimento do hacker da Vaza-Jato, Walter Delgatti Neto, realizado ontem, também pesa contra Bolsonaro. Na oitiva, ele afirmou que Bolsonaro pediu que ele tentasse fraudar as urnas eletrônicas, prometendo indulto.
Bolsonaro não foi preso nesta sexta-feira (18) e não há mandado de prisão expedido contra o ex-presidente, apesar do pedido de quebra de sigilo bancário solicitado por Alexandre de Moraes.
Na manhã desta sexta-feira, inclusive, Jair Bolsonaro usou as redes sociais para divulgar atos realizados em seu governo, como costuma publicar na sua página. No post de hoje, ele falou sobre a importação de diesel da Rússia.
Na manhã de hoje, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República cumprem sete mandados de prisão preventiva, dentro da Operação Incúria, contra oficiais da Polícia Federal do Distrito Federal, no âmbito dos atos do 8 de Janeiro
Os alvos são o Coronel Klepter Rosa Gonçalves, atual comandante-geral da PM do DF, Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues e Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra.
Eles são acusados pelos crimes de Golpe de Estado, dano qualificado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. De acordo com a PGR, eles se omitiram de agir para impedir o vandalismo em razão do alinhamento ideológico com os manifestantes golpistas.
Segundo a Veja, Mauro Cid estaria disposto a confessar que participou de um esquema de venda de joias dadas a Bolsonaro como presentes de delegações estrangeiras quando ele era presidente da República. Os itens não poderiam ser comercializados, por se tratarem de bens públicos.
Cid quer prestar depoimento para afirmar que realizava a venda das joias em cumprimento a ordens diretas de Bolsonaro, e pretende apontar o ex-presidente como mandante do esquema.
"A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Mas o dinheiro era do Bolsonaro", disse Cezar Bitencourt, advogado de Cid para a Veja.
A defesa afirmou que pretende se reunir com Alexandre de Moraes para tratar do novo depoimento de Mauro Cid, que ainda não tem data definida para acontecer.
No início da semana, a defesa de Bolsonaro se manifestou afirmando que o ex-presidente jamais se apropriou de bens públicos. Veja a nota na íntegra a seguir.
"Sobre os fatos ventilados na data de hoje nos veículos de imprensa nacional, a defesa do Presidente Jair Bolsonaro voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU - ainda em meados de março, p.p. -, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito.
O presidente Bolsonaro reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária".