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Hospital Mestre Vitalino em Caruaru tem pacientes em macas no chão, falta de médicos e superlotação

Unidade é gerida pelo Hospital do Tricentenário; direção afirma que está ciente da superlotação e que está fornecendo a assistência necessária

Publicada em 07/08/2023 às 10:47h - 60 visualizações

por Rodrigo Fernandes


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Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, tem superlotação e pacientes em macas no chão nos corredores - FOTO: Cortesia  (Foto: )

Superlotação, macas no chão, falta de médicos e de medicamentos. Essa é a situação atual do Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, no Agreste pernambucano, segundo denúncia recebida pelo Blog de Jamildo.

A unidade é 100% SUS, com perfil regulado, ou seja, atende pacientes encaminhados pela Central de Regulação do Estado, sendo gerenciada pelo Hospital do Tricentenário.

Fotos obtidas pela reportagem mostram pacientes da emergência deitados em macas posicionadas no chão, em corredores lotados dentro da unidade, em registro feito no final do mês de julho.

 

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Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, tem superlotação e pacientes em macas no chão nos corredores - Cortesia

 

Segundo os relatos, o hospital Mestre Vitalino também estaria com falta de medicamentos básicos, ausência de médicos de algumas especialidades nos plantões dos fins de semana, além de problemas estruturais, como aparelhos de ar-condicionados quebrados, ocasionando mal estar.

A direção da unidade afirma que tem ciência da superlotação, mas diz que está fornecendo assistência necessária para essas pessoas. Confira a resposta na íntegra ao final da matéria.

Superlotação

As fotos enviadas para esta coluna mostram pacientes deitados em macas no chão nos corredores da unidade. Alguns deles, inclusive, aparecem recebendo medicamento intravenoso no próprio corredor. As imagens foram capturadas nos dias 22 e 28 de julho de 2023 e enviadas para esta coluna na última semana.

Segundo o relato, são pacientes de neurologia, cardiologia, clínica médica e cirurgia. Um dos pacientes, inclusive, teria sido vítima de um infarto.

A informação é de que esses pacientes deveriam estar em observação na ala das enfermarias, na sala vermelha ou em UTI, que permite monitoramento.

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Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, tem superlotação e pacientes em macas no chão nos corredores - Cortesia

 

A espera para a transferência para esses setores é de, em média, uma semana, de acordo com um funcionário ouvido pela reportagem. Ele também afirmou que muitos desses pacientes são oriundos do Hospital Regional do Agreste, que também estaria superlotado.

Os acompanhantes, por sua vez, permanecem em pé ou acomodados em cadeiras plásticas, também nos corredores do hospital.

Falta de médicos e medicamentos

Os relatos também dão conta de que estão faltando medicações básicas, como remédios para dor e para tratamento de doenças do estômago, como pantoprazol, por exemplo.

"A falta de médicos é grande. Tem dias que tem dois neurologistas para mais de 80 pacientes, fora os que chegam do sertão. São pacientes com doenças cardíacas necessitando de marcapassos e exames de cateterismo. O Hospital Eduardo Campos, em Petrolina, não tem setor de hemodinâmica para fazer cateterismo de urgência, sendo necessário trazer para o Mestre Vitalino. Uma emergência cardiológica sem cateterismo não adianta. Se o Eduardo Campos tivesse, desafogava o Mestre Vitalino", denunciou uma pessoa ligada ao hospital que prefere não ser identificada.

"Imagina você ficar responsável como médico em um plantão de 24 horas, com no mínimo 50 pacientes de cardiologia, com casos complexos, infartados, pacientes necessitando de UTI, cirurgia cardíaca, e sem parar de chegar pacientes. Enquanto evolui um paciente, chegam mais três para atender", acrescentou.

Segundo o denunciante, o setor cirúrgico sempre tem falta de médicos e cirurgiões para dar conta da demanda. "São cinco cirurgiões por plantão de 24 horas. É o único hospital público da região que atende casos como apendicite, hérnias, vesícula, cirurgia oncológica".

Também há a informação de que o profissionais da clínica médica dão suporte no setor cirúrgico, devido à falta de especialistas. "Um hospital que abrange mais de 30 municípios, uma população de mais de 1 milhão de pessoas, nos fins de semana fica sem médico", completou.

Problemas estruturais

Outra demanda relatada é a de que os equipamentos de ar-condicionado dos corredores e da recepção da emergência estariam quebrados há meses, e que a OSS que administra a unidade, o Hospital Tricentenário, não teria procurado custear o conserto.

Um funcionário teria chegado a passar mal devido ao calor.

"Tem setor que compraram um ou dois ar-condicionados pequenos, residenciais, que não dão vencimento. O ar-condicionado tem que ser central", denunciou uma funcionária.

"Existe reclamação de todos os funcionários sobre a alimentação ofertada. A comida é ruim", completou outra.

O que diz a direção do Hospital

O Blog de Jamildo procurou a direção do Hospital Mestre Vitalino, que afirmou estar ciente da superlotação da emergência, mas que "não tem medido esforços para garantir toda a assistência necessária e que tem feito escuta ativa dos profissionais envolvidos com os cuidados dos pacientes na instituição".

Além disso, a assessoria do hospital afirmou que:

  • A unidade está recebendo uma demanda expressiva de pacientes na emergência nos últimos 20 dias, o que tem ocasionado uma superlotação do serviço;
  • A direção tem dialogado com a Central de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde para discutir soluções para o aumento de fluxo;
  • Há problemas pontuais na escala de médicos cardiologistas, e que estão sendo solucionados pela direção;
    Não há problemas de redução ou ausência de neurologistas no plantão da emergência.
  • O hospital recebeu reforço no último fim de semana para realizar procedimentos como cateterismo;
  • Todos os aparelhos de ar-condicionado estão operando de forma devida após certificação de empresa especializada;
  • Não há registro de falta de medicação na farmácia do hospital;
  • Há dificuldade de leitos de retaguarda para o perfil dos pacientes encaminhados para o HMV, mas que o canal aberto de diálogo existente com a SES poderá ajudar a solucionar esta situação.



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