Metroviários em greve e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife entraram em acordo e o Metrô do Recife vai operar apenas nos horários de pico da manhã e da noite. No restante do dia, estará parado. O acordo foi a forma de garantir uma operação com 100% da frota.
Assim, das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 20h haverá metrô. Nos outros horários, não e todas as estações estarão fechadas. A greve dos metroviários entrou no seu quinto dia nesta segunda-feira (7/8), prejudicando diretamente 200 mil passageiros. Pelo menos enquanto durar a greve.
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) havia determinado a operação de 60% da frota de trens nos horários de pico da manhã e da noite (das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 20h) e de 40% no restante do dia. Esse esquema funcionou no fim de semana, mas nesta segunda ficou evidente que não suportaria a demanda.
Passageiros enfrentaram muita lotação e transtorno. Isso porque o Metrô do Recife operou no pico da manhã com apenas seis trens na Linha Centro - a de maior demanda e que conecta o Recife a Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes, na RMR - e quatro na Sul - que faz a ligação com Jaboatão pela Zona Sul da capital.
“Ficou impraticável. Já sofremos com a lotação no dia a dia normal, com 12, 15 trens, imagina com quase a metade? É desumano. Desisti. Vou optar pelo ônibus enquanto a situação da greve não se resolver”, desabafou o universitário Carlos Henrique Pinto, que usa o sistema diariamente entre Camaragibe, na Região Metropolitana, e o Centro do Recife.
“A Companhia Brasileira de Trens Urbanos informa que, após acordo entre a direção e sindicato, ficou determinado que o Metrô funcionará com 100% de sua capacidade apenas nos horários de pico (das 05h30 às 08h30 e das 17h às 20h), permanecendo fechado nos demais horários”, informou a CBTU Recife.
O descumprimento da determinação do TRT-6 por parte da categoria previa o pagamento de multa diária de R$ 60 mil, o dobro da que foi estipulada anteriormente, na paralisação de 48h.
A greve do Metrô do Recife poderá ter um desfecho em breve. Às 15h desta segunda-feira (7/ 8), metroviários e a CBTU terão uma segunda tentativa de conciliação mediada pela Justiça do Trabalho.
O encontro acontecerá na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), no Cais do Apolo, Bairro do Recife, Centro da capital. A reunião entre representantes do Sindmetro-PE e da CBTU será intermediada pelo desembargador e vice-presidente do TRT-6, Sergio Torres Teixeira, e pela procuradora-chefe substituta da Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região, Ana Carolina Lima Vieira Ribemboim.
Na reunião de sexta-feira, o sindicato solicitou o percentual de 15% no reajuste salarial, além de outras cláusulas sociais. Também foi afirmado que, na mesa de negociação ,foi redigida uma ata no dia 19 de junho de 2023, pugnando pelo cumprimento do acordo.
Como resposta, a CBTU confirmou a negociação e afirmou que a ata precisava ser aprovada na SEST (Serviço Social do Transporte), o que não ocorreu.
O desembargador sugeriu que a CBTU entrasse em contato com a SEST para, no prazo de 15 dias, trazer uma proposta mais concreta. Mas, a empresa não deu certeza de que conseguiria a reunião neste prazo.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a elaborar, junto ao sindicato, outra proposta, mas a empresa voltou a afirmar que a SEST indeferiu a proposta passada e não teria como apresentar novamente.
Assim, o desembargador Sérgio Torres agendou uma segunda audiência de negociação para a segunda, com a participação da SEST, representada pela funcionária Elisa Vieira Leonel.
“Nós queremos negociar. É tanto que fizemos uma segunda proposta. Mas, infelizmente, a empresa não quer negociar com a gente. Estamos tentando de toda forma chegar a um acordo e esperamos que consigamos com o TRT-6 mediando. Caso contrário, seguiremos em greve. A categoria não aguenta mais ser ignorada”, afirmou o presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares.
Os metroviários estão em Estado de Greve desde o fim do mês de abril como pressão para forçar o governo federal a retirar a CBTU do PND, o que não aconteceu mesmo após oito meses da gestão Lula. A categoria está revoltada com a postura do governo federal.
Além disso, alega que, em junho, a Administração Central da CBTU sentou com os sindicatos do Recife, João Pessoa, Maceió e Natal e fechou uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2025, que agora diz não poder cumprir porque o governo federal não aceitou.
A minuta previa um aumento de 15% no salário base da categoria, que passaria de R$ 2 mil para R$ 2.725 e a garantia de emprego no caso da concessão pública ou da privatização do Metrô do Recife. Mesmo pedindo 25%, a categoria teria cedido à proposta.