O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) alerta que o desmatamento da Amazônia está fora de controle. Em 2021, ano passado, já havia preocupações sobre o índice crescente de desmatamento, que se mostrava o maior dos últimos dez anos.
Em janeiro de 2022, isso só aumentou: em um recorde histórico, o desmatamento na Amazônia cresceu mais de 400% em relação ao mesmo mês de 2021, segundo a organização Greenpeace.
Em estudo mais recente divulgado na quarta (01), ainda de acordo com o Inpe, a Amazônia brasileira registrou 2.287 focos de incêndios florestais em maio de 2022, o maior número para o mês em 18 anos.
Esse desmatamento possui graves consequências não apenas para o equilíbrio ambiental e manutenção da fauna e flora, mas também para o sustento e qualidade de vida de comunidades indígenas e ribeirinhas, concentradas em grande maioria no Norte do país.
Ambientalistas destacam que o Brasil tem enfrentado um aumento dos incêndios florestais e do desmatamento desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse, em janeiro de 2019.
"Estes números não são uma exceção, fazem parte de uma tendência de destruição ambiental nos últimos três anos, que é o resultado de uma política deliberada do governo", lamentou Mauricio Voivodic, diretor da filial brasileira do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Segundo ele, o governo Bolsonaro está "ignorando a ciência, e o Brasil pagará um preço pesado no futuro". "É um desastre ambiental sem precedentes, que pode se agravar se o Congresso insistir em aprovar medidas do Executivo que fragilizem ainda mais a preservação do meio ambiente", ressaltou Voivodic.
Entre janeiro e abril, o Inpe emitiu alertas de desmatamento de 1.954 quilômetros quadrados na maior floresta tropical do mundo. Dados oficiais mostram que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, a Amazônia brasileira perdeu 13.235 quilômetros quadrados de vegetação, a maior área degradada em 12 meses registrada nos últimos 15 anos.
Desde o início do mandato de Bolsonaro, o desflorestamento médio anual da Amazônia brasileira aumentou em mais de 75% em comparação com a década anterior.
Especialistas temem que a situação só tende a piorar. A maioria dos incêndios na Amazônia são em decorrência de queimadas agrícolas em áreas desmatadas ilegalmente. Maio não costuma ser o mês com mais incêndios florestais - o pico normalmente ocorre em agosto e setembro, no meio da estação seca.
Por conta disso, um número de incêndios tão alto já no mês de maio levanta o temor de que 2022 será um ano particularmente devastador.