O deputado federal Átila Nunes (MDB) e relator da CPI da Intolerância Religiosa, na Alerj, irá acionar o Ministério Público para investigar o uso de dinheiro público de Itaboraí para financiar o evento no qual o pastor Felippe Valadão fez ofensas de caráter religioso contra líderes espirituais da região.
O evento, que foi realizado na noite da última quinta-feira (19), contou com apresentações e com uma pregação do pastor da Igreja Lagoinha, em Niterói.
Na ministração, Felippe usou o termo 'endemoniados' para se referir aos pais de santo e disse que os terreiros de umbada do município iriam fechar.
"Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí que o tempo da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua! A igreja está de pé! Pode matar galinha, pode fazer farofa, pode fazer o que quiser. E ainda digo mais: prepara para ver muito centro de umbanda fechado na cidade (...) Deus vai começar a salvar esses pais de santo que tem aqui na cidade", disse o pastor durante a explanação.
Durante a fala do religioso, o prefeito Marcelo Delaroli (PL) e outras autoridades locais estavam no palco
De acordo com o deputado Átila Nunes (MDB), o Ministério Público e a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) devem investigar o caso, por contar com apoio da Prefeitura de Itaboraí, e punir os responsáveis.
"O ódio religioso promovido e financiado por Itaboraí precisa ser investigado. Preparamos uma representação ao Ministério Público contra o autointitulado pastor e contra o prefeito de Itaboraí, que patrocinou o show de horrores com dinheiro público. Também vamos pedir que a Decradi entre no caso para que ameaças contra a liberdade de toda a diversidade não sejam banalizadas. Não vamos permitir que a violência volte a silenciar os cultos afro-brasileiros no Rio", relata o deputado.
Vice-presidente da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj, a deputada estadual Mônica Francisco propôs ao colegiado o envio de um ofício à prefeitura de Itaboraí, para que deem explicações sobre as declarações do pastor. O documento foi enviado na sexta-feira (20).
"Essa atitude nos causa muita tristeza e indignação. Desejo que a gente não venha mais a tolerar esse tipo de postura por parte de quem quer que seja. A narrativa bíblica não orienta a violência contra quem quer que seja, muito pelo contrário. Na própria orientação da figura histórica de Jesus, enquanto profeta e mestre, ele dizia que era necessário amar ao próximo como a si mesmo e que não devemos fazer diferenças entre as pessoas", comentou Mônica, que também é pastora evangélica.