O governo federal gastou R$ 3.320.418,07 com 14 visitas do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Santa Catarina entre maio de 2019 e agosto de 2021, segundo levantamento obtido por meio da Lei de Acesso à Informação.
Durante as viagens neste período, Bolsonaro participou de eventos solenes, cumpriu agenda oficial, mas também realizou passeios de motocicleta e gozou de férias. Os dias de descanso e as passeatas de moto representam 74% do valor desembolsado dos cofres públicos, mostram os dados.
O g1 tentou contato com a Secretaria-Geral da Presidência da República e com a comunicação do Palácio do Planalto e não obteve resposta até a atualização mais recente desta reportagem.
O levantamento não inclui a viagem de férias que Bolsonaro fez a Santa Catarina em dezembro, que custou R$ 899.374,60, segundo o jornal O Globo. Somando-se essa viagem às demais, o valor atinge R$ 4.219.792,67.
Das 15 visitas, o presidente tinha agenda oficial de compromissos em nove. Entre as atividades oficiais estão a presença no evento religioso Congresso de Gideões, solenidades da Polícia Rodoviária Federal (PRF), sobrevoo às áreas atingidas pelo “ciclone-bomba”, em 2020, visita a um centro de atendimento a pacientes de Covid-19 em Chapecó, no Oeste catarinense, e a participação em uma live com o empresário Luciano Hang.
Em fevereiro de 2021, participou do ato de entrega de 225 carros para a assistência social dos municípios. Os veículos, contudo, foram adquiridos com recursos de emendas parlamentares.
O governo catarinense disse, em nota, que não gastou dinheiro nas visitas do presidente, embora tenha admitido que auxiliou na logística de dois passeios de moto. O Estado não informou quais foram os valores despendidos com o apoio da Polícia Militar ao fechamento total ou parcial de vias.
Com base na agenda oficial, Santa Catarina foi o sétimo estado mais visitado por Bolsonaro durante o mandato. Foram nove visitas com agenda de compromissos. São Paulo (50), Rio de Janeiro (37) e Goiás (19) estão nas três primeiras posições.
TOTAL: R$ 4.219.792,67
O professor de administração pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Daniel Pinheiro avaliou que gastos com folgas e viagens de Bolsonaro são legais, embora “moralmente questionáveis” em em um período de orçamento limitado enfrentado pelo país.
"Estamos num momento de desemprego, recuperação econômica, onde a gente deveria estar fazendo investimento nessas áreas. Se compararmos com o orçamento, não é nada. Mas se olhamos que isso é um comportamento típico da nossa política, isso é moralmente questionável" afirmou.
O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga os gastos do presidente com o cartão corporativo. A iniciativa ocorreu após pedido do senador Fabiano Contarato (PT-ES) que, em janeiro de 2021, divulgou dados que mostraram gastos de R$ 29,6 milhões no cartão corporativo em três anos de mandato.