Cada vez mais pessoas chegam às oito passagens de fronteira entre a Ucrânia e a Polônia por causa da guerra lançada pela Rússia contra Ucrânia. De acordo com Wasik, somente nas últimas 24 horas, 100 mil pessoas cruzaram a fronteira. Os refugiados que vão chegando, cansados e às vezes depois de dias de fuga, têm encontrado uma Polônia de braços abertos para recebê-los.
A maioria dos que chegam são mulheres com crianças. Os homens ucranianos de 18 até os 60 anos são proibidos de deixar a Ucrânia por causa da lei marcial. Eles devem aguardar convocação pelo Exército para servir no conflito armado.
Na frente de estações de trem de cidades fronteiriças como Przemysl e Medyna, muita gente vem para ajudar e também tem ucranianos que já moram na Polônia ou os próprios poloneses que aparecem para receber parentes e amigos que chegam vindos do outro lado da fronteira.
Do lado de fora das estações também há barracas com voluntários servindo comida, bebida quente, roupas e até medicamentos. Há também serviços médicos para um primeiro atendimento dos refugiados.
Laços estreitos.
Há entre a população polonesa uma grande receptividade em relação aos ucranianos. Mas isso não foi sempre assim. Nas crises de refugiados da Síria e Afeganistão, a Polônia foi um dos países da União Europeia que mais resistiu a receber refugiados.
Desde o início da crise de refugiados em 2015, o governo polonês, de orientação nacionalista, se opôs estritamente a receber pessoas de países como Síria ou Afeganistão.
Já no caso da Ucrânia é diferente. Os dois países têm laços bastante estreitos. Muitos ucranianos trabalham na Polônia, empresas polonesas têm operações na Ucrânia. Cerca de 1,5 milhão de ucranianos vivem na Polônia. Muitos deles estão agora acomodando em suas casas parentes e amigos que chegam fugindo da guerra no país vizinho.
Os poloneses têm promovido diversas campanhas de doação de roupas de frio, cobertores, alimentos, itens de higiene como fraldas, absorventes femininos, e dinheiro. Há centros de coleta de mantimentos e roupas em várias cidades onde as pessoas podem deixar suas doações para serem encaminhadas aos refugiados.
Receptividade.
O próprio governo polonês tem sido bastante receptivo. Na crise da Ucrânia, as autoridades do país se mostram muito dispostas a receber os ucranianos. No início de fevereiro, quando a Rússia estava pressionando a Ucrânia, o governo declarou que a Polônia também receberia um milhão de refugiados ucranianos se fosse necessário — e já começou os preparativos.
Imediatamente após a invasão russa da Ucrânia, a Polônia rapidamente instalou oito chamados "pontos de recepção" ao longo dos 500 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. Esses lugares oferecem comida quente, opções para tomar banho e também colchões para descansar temporariamente.
Os funcionários desses centros ajudam os refugiados a encontrar uma acomodação temporária e servem para dar as primeiras informações para quem chega e não tem conhecidos na Polônia.
Acusações de racismo na fronteira.
No fim de semana começaram a aparecer relatos nas mídias sociais sobre suposto racismo da polícia de fronteira polonesa. Africanos que moram na Ucrânia estavam tendo dificuldades para passar na fronteira. A Polônia e Ucrânia negam que tenha havido discriminação na fronteira e disseram que os guardas são instruídos para deixar todos os estrangeiros passarem.
Alguns africanos postaram vídeos nas mídias sociais acusando as autoridades de os impedirem de cruzar o fronteira durante dias, apesar do frio e da falta de comida ou outros suprimentos. Ao mesmo tempo, os guardas teriam permitido que refugiados brancos entrassem na Polônia.
Milhares de jovens africanos estão estudando na Ucrânia. Eles chegam atraídos pelo relativo padrão alto do ensino e baixos custos das universidades ucranianas.
Enquanto o ministro do Exterior da África do Sul reclamou de que estaria acontecendo discriminação, a ministra do Exterior de Gana disse estudantes do país dela não estão tendo problemas para deixar a Ucrânia.
Parte da mídia polonesa e também estrangeira tem reproduzido relatos de pessoas que disseram ter sido vítimas de discriminação. Outra parte da imprensa tem afirmado que entidades assistenciais nas fronteiras não registraram tais incidentes.
Fonte: UOL