A sexta-feira (25) de carnaval está diferente. Ao meio-dia do Sábado de Zé Pereira, em outros anos, muita gente já estaria combinando para se encontrar à noite no Marco Zero e acompanhar a abertura oficial do carnaval do Recife, ou ainda pensando na fantasia que usaria no dia seguinte no Galo da Madrugada.
No entanto, com a pandemia de Covid-19, Pernambuco vive o segundo ano sem festas nas ruas. O governo cancelou todas as comemorações e proibiu eventos. O sentimento predomina, nesta sexta, é a saudade e a esperança.
A ponte Duarte Coelho sem graça na sexta-feira de carnaval. E as ruas de Olinda? Sem cor, sem brilho, sem aquele sobe e desce de gente nas ladeiras.
As perguntas de Alceu Valença fazem ainda mais sentido: cadê Toureiros? Cadê Bola de Ouro? As Pás, e os lenhadores, o bloco Batutas de São José?
A gente tá com saudade de sentir a "embriaguês" do frevo entrando na cabeça, depois tomando o corpo e acabando no pé. Mas a pandemia "apertou", de novo. Mais uma vez vamos ter que adiar o frevo no Galo da Madrugada, no desfile do Homem da Meia-Noite. O batuque das alfaias não vai ecoar pelas ruas do Bairro do Recife.
Pra quem tem o maior bloco de carnaval do mundo, esses dias sem festa é de partir o coração, é uma tristeza que quer levar embora o desejo da fantasia, da roupa colorida, do rosto com glitter. Como a esperança é aquela que nunca morre e a gente acredita demais na ciência.Obrigado, vacina!
Já, já vamos ver essa terra tremer quando o Galo passar. O frevo fervendo ao sol do meio-dia no calor de quarenta graus de vassourinhas. Mas esse ano ainda vai ser assim: em casa, com a família. E no coração saudade. Saudade do que já vivemos e do que ainda vamos viver no carnaval de 2023.
Homem da Meia-Noite completa 90 — Foto: Reprodução/TV Globo
Fonte: G1